Archive for the ‘Uncategorized’ Category

Filósofo Sexual

25/05/2011

“Peter?”

“Hmm?”

“Nunca encontrei alguém que gostasse tanto de sexo quanto você. Estou me sentindo uma … sei lá, uma escrava sexual de você, e estou tão feliz. Aquele dia no trem … você ficou ereto a viagem toda. Mais de duas horas.”

Eles tinham ido a Paris num fim semana pelo Eurostar, o trem que passa por baixo do Canal da Mancha. Você sai de St Pancras e chega à Gare du Nord. Direto de uma área central de Londres para outra de Paris. Ao voltarem, Tania encostou-se delicadamente em Peter e dirigiu discretamente para o meio das coxas dele a ponta de seus dedos cujas unhas estavam pintadas com os naipes do baralho. Era assim que Ibiza Girls, as lendárias massagistas do Empire Casino em Leicester Square, pintavam as unhas.

“Por que tanto apetite, Peter?”

“É uma resposta ao tédio que sinto, Tania. Acho a vida, basicamente, sofrimento. Perdas, traições, decepções. Schopenhauer dizia que a pior coisa que pode acontecer a alguém é nascer, e eu parcialmente concordo. O sexo é uma trégua, um intervalo precário e glorioso, neste ciclo infindável de dor.”

“Peter?”

Ela passou as mãos pelo cabelo loiro, genuinamente branco como a neve que nos últimos dois invernos voltara a Londres. Peter achava tão inocente esse gesto casual que ficava tocado.

Uma menina, uma garotinha aos 23 anos.

“Hmm?”

“Se houvesse nas universidades uma disciplina de filosofia sexual, você poderia ser catedrático. Você é um filósofo sexual.”

“Quanta honra, Tania. Raras vezes recebi um elogio tão profundo. Pena que não possa contar isso para a minha mãe.”

Riram, os olhos de um fixados nos do outro.

“Peter?”

“YA lyublyu tebe.”

Isso era a única coisa em ucraniano que ele conhecia.

Te amo.

Que você acha da cientista que foi acompanhantes para pagar seus estudos?

20/05/2011

QUE FAZ UMA cientista jovem e bonita em busca de um doutorado caro demais para ela? A resposta para Brooke Magnanti foi: programas de 300 libras a hora. A acompanhantes brasilia Brooke Magnanti, que é sósia de Nadja no esplendor de fêmea libidinosamente loura, e que ali no link você pode ver entrevistada por uma megera loira que deve ser frígida,  conseguiu com o fruto de seu trabalho o dinheiro necessário.

Foi, deu, venceu.

Seu caso tem despertado discussões apaixonadas mundo afora.

Minha questão: você acha o método de Brooke digno de aplausos, vaias, ou o quê?

Os conselhos de acompanhante Belle de Jour para que a mulher tenha uma vida sexual feliz

13/05/2011

ESCRITOR BARATO LÊ escritora barata. Há uma certa camaradagem entre nós, os esforçados soldados rasos das letras, os transpolins anônimos para Dostoievski, Tolstoi e Flaubert. Por isso peguei para ler o segundo livro da Belle de Jour, a cientista gostosa e quente que, para pagar um doutorado de mais ou menos 300 000 reais, fez durante 14 meses, entre 2003 e 2004, acompanhante df em Londres. Quase 1 000 reais a saída.

É um livro divertido, muito mais cômico e irônico do que erótico. Você mais ri que fica excitado, com certeza. É um erro grosseiro dizer que Belle de Jour, ou Brooke Magnanti, glamurizou a prostituição.  É o oposto. Ela tira todo o peso, toda a seriedade, toda a solenidade da vida de garotas de programa bsb. E também a lamúria, a autppiedade. Como sugeriram grandes filósofos, entre os quais Sêneca e Montaigne, ela ri da miséria humana, em vez de chorar.

Bem, ela entremeia seus relatos com listas e conselhos espirituosos para uma vida afetiva e sexual saudável e prazerosa. Não tem o tom doutoral e mofado das revistas femininas, mas sim a vivacidade petulante de quem sabe muito sobre sexo com lindas garotas e quer repartir, generosamente, com quem sabe pouco ou nada.

Me chamaram a atenção duas recomendações que ela faz, às leitoras, para tirar o sexo de uma eventual situação de tédio. Gostaria de ouvi-los, turma. A primeira: conversar abertamente com as amigas sobre sexo. Pode ser libertador e inspirador, segundo Belle. Boas práticas sexuais podem ser trocadas. Alguma coisa que alguém fez ou faz pode ter bons resultados para você na, como Tio Fabio dizia, fornicação.

A outra recomendação é: vejam pornografia, meninas. “Ao contrário da lenda, a mulher pode subir às alturas com um bom filme pornô”, diz ela, numa tradução livre. “Há situações interessantes e instrutivas.” Admito que sempre acreditei nessa tese, a de que mulher é avessa à pornografia. Meu limite pessoal foi a História de O e O Império dos Sentidos, que não chegam a ser pornografia.

Belle de Jour, com sua franqueza desconcertante, desmonta a questão da indiferença feminina ao sexo kinky do cinema pornográfico. A única mulher realmente entretida com erotismo que conheci foi Anais Nin, uma excelente escritora que nos anos 30, com seu jeitinho suave, chacoalhou Paris com seu amigo e amante Henry Miller, o autor de Trópico de Capricórnio. Anais, de quem recomendo qualquer volume de contos, escrevia histórias tórridas para um colecionador de erotismo a 1 dólar a página. Substituiu, aí, Henry Miller, e não raro escrevia na cama, caneta e caderninho, ao lado do marido bancário adormecido. A parceria entre Henry Miller e Anais Nin se transformou num filme muito bom, Henry & June.

Bem, ao debate sobre os pontos levantados por Belle de Jour.

As mulheres e a cerveja

05/05/2011

Alguns anos atrás, li uma reportagem de uma jornalista que se fingiu de acompanhantes de Brasília para dizer o que se passava em um bordel de luxo de Brasília. Esqueci quase tudo que vi ali, exceto um detalhe: as meninas eram proibidas de beber cerveja. Não por razões de saúde, naturalmente. Mas porque, segundo os donos do lugar, o hálito da mulher fica ruim com a cerveja.

Nunca percebi esse problema, para falar a verdade. Mas também jamais esqueci a recomendação dada às marafonas.

Agora, vejo outra história que liga as mulheres e a cerveja, mas de uma forma mais dramática. Uma jovem da Malaísia tinha sido condenada a algumas bengaladas por ter tomado cerveja. É um país islâmico, e consequentemente rigoroso. Ela não chegou a apanhar.  Acaba de ser divulgado que ela se livrou da pena.

Mas me retornou à cabeça a controvertida relação entre a cerveja e as mulheres.

O gin-tônica perfuma o hálito, o uísque neutraliza e a cerveja, segundo muitos, ferra. Não que eu seja influenciável, mas se eu fosse mulher pensaria muito antes de tomar cerveja.

Não pelos quilos que eventualmente fosse ganhar, mas pelo risco de comprometer a ante-sala sagrada do amor: o beijo límpido, puro, perfumado.

Bunga bunga

19/03/2011

Só para saber: alguém já ouviu falar de “bunga bunga” — aquelas festas, melhor, surubas do velho Berlusconi?

Se sim, detestam ou admiram?

Em nome da mãe

02/03/2011

E a nossa desesperada do piercing volta a me procurar. Agradece os conselhos que tem recebido da turma, que não batem aliás com minha visão, e acrescenta uma informação nova e relevante. “Fabio, esqueci de dizer uma coisa. Ele diz que quer o piercing porque assim ele lembra da mãe, que morreu quando ele tinha 15 anos. Ele me contou que a mãe tinha um piercing no coração.”

Bem, isso reforça minha posição. A desesperada, para mim, deveria colocar o piercing, que para seu amado tem um valor afetivo e sentimental, além de sexual.

Mas gostaria de ouvir vocês.

Pensamento do Dia 2

19/02/2011

Tia Iracema, em seu leito de morte, teve uma reflexão que quero compartilhar com vocês. Seus pulmões já não eram o que tinham sido antes, por conta de 800 000 cigarros fumados desde os 13 anos, mas a voz ainda assim era clara como uma manhã de junho no Hyde Park:

“O bilionário impotente é um miserável diante do mendigo potente.Não existe humilhação pior para um homem do que estar na cama com uma mulher nua e não conseguir entrar nela.”

O melhor romance erótico da história

14/02/2011

Vocês são tão relapsos, tão desatentos que não perceberam que em minha lista de melhores livros eróticos ficou faltando exatamente o primeiro.

Muito bem.

É O Amante de Lady Chatterley, de DH Lawrence, romancista inglês do começo do século XX.

É tão forte o livro que você, ao ler, tem vontade de entrar nas páginas e comer — com todo o respeito — Lady Chatterley. Ela é uma mulher cheia de desejos, e não pode ser atendida pelo marido, um esnobe que virou cadeirante ao ser ferido numa guerra. Então ela acaba se saciando no caseiro da propriedade do marido. A cena em que ele a sodomiza é uma das melhores. Era a aristocracia sendo possuída pelas classes inferiores inglesas.

O bom romance erótico, na definição clássica de Tia Iracema, é aquele que, sem fazer perder a ternura, endurece o leitor e umedece a leitora. Lady Chatterley faz isso.

Se eu fosse vocês, parava de ler este blogue e ia direto para o romance de Lawrence.

Assim Falava Tia Iracema

03/11/2010

Um quadrinho de Zéfiro

 

Sócrates da libertinagem, Tia Iracema não teve infelizmente um Platão que imortalizasse sua sabedoria sexual. Na falta de Platão, faço o meu melhor e reproduzo aqui, em drágeas, pílulas do pensamento libertário de Tia Iracema.

“Neste mundo tão instável, tão precário, tão impermanente, é um erro deixar para amanhã o êxtase carnal que você pode ter hoje.”

O táxi

28/10/2010

 

Estavam no banco de trás do táxi. Penny Lane estava atrás do motorista, João à sua direita.

Estavam voltando de um jantar, e João como sempre parecia interrogar o motorista. Queria saber como vivia. Quantas horas de trabalho, quantos dias. As férias.

Ele escorregou a mão esquerda para o meio das pernas de Penny Lane. Ela pareceu levar um susto. Contraiu-as. Mas depois relaxou.

Enquanto ele interrogava o motorista, acariciava Penny Lane. Ela achou que o motorista tinha notado, e estava gostando do espetáculo. João era indiferente a isso. Queria apenas entender a vida de um motorista de táxi e, ao mesmo tempo, acariciar Penny Lane.

Quando ela ficou úmida, quase inundada, ele levou os dedos à narina.

Cheirou-os como outras pessoas cheiram uma rosa.

O cavalheiro

28/10/2010

Desenho de Zéfiro

“Me bate”, disse Penny Lane. “Eu não valho nada. Eu sou uma vagabunda. Va-ga-bun-da!”

João estava sobre Penny Lane.  Ela primeiro não quisera que ele entrasse nela porque estava sem preservativo mas depois não quis que ele saísse de dentro dela.  Sua geração crescera sob o medo da Aids, mas a dele não.

Ela parecia querer apanhar como uma punição por estar fazendo sexo com um homem que mal conhecia. “Me bate, me bate. Forte”, ela dizia.

Não, ele não poderia deixar que ela se sentisse tão culpada.

Era um cavalheiro.

Quando a dor acaba

22/10/2010

 

 

Outro de meus favoritos de todos os tempos, um reencontro imaginário com minha musa dos primeiros tempos, Nadja, perdida, para sempre perdida, mas tão viva, tão linda, batendo os saltos nas calçadas da cidade da minha memória e da minha saudade … Se aceitam uma sugestão, leiam ouvindo Seems Like Old Times …

 

Uma mulher me esperava no restaurante. Ela sempre chegava um pouco antes; eu sempre um pouco depois. Fazia muito tempo que não a via, mas certos hábitos jamais se alteram. Vi que ela folheava um livro, acomodada numa mesa para dois. Ela sempre tinha um livro à mão para a hipótese de eu demorar mais que o razoável. O livro que ela lia naquele momento, vi depois, era uma pequena biografia de Marcel Proust sobre a qual eu escrevera na VIP do mês anterior. Era ela. Nadja, meu amor perdido. Ela estava de volta à cidade por uns dias para visitar a mãe. Nadja, depois que rompemos, conheceu um fazendeiro de Mato Grosso. Logo se casaram e ela mudou para lá para viver seu novo amor bucólico. “Tudo bem?”, perguntei. “Graças a Deus.”

Rimos e o gelo se quebrou. Era uma piada particular nossa. Nadja era atéia. Ela jamais acreditara em Deus. Num certo momento, deixou de acreditar também em mim. Foi aí que nosso romance começou a terminar. Reencontros com amores passados servem para mostrar muita coisa. Mostram, por exemplo, como uma intimidade construída em anos pode se dissolver instantaneamente com o rompimento. Você trata com cerimônia constrangida alguém com quem, até pouco antes, tinha a mais absoluta liberdade. “A melhor coisa que você fez por mim, em muito tempo, foi indicar na revista este livro”, ela disse. “Sou realmente grata a você.” Era a Nadja de sempre, irônica, às vezes ferina mesmo num banal agradecimento pela indicação de um livro. “Uma frase”, ela continuou. “Tem uma frase neste livro que talvez seja a mais linda que eu já li. E a mais triste também.”

Ela me passou o livro aberto numa determinada página. Nessa página, uma sentença estava sublinhada. Nadja costuma sublinhar as frases de que mais gosta nos livros que lê. Eu tentei muitas vezes fazer o mesmo, mas minha falta de método jamais me permitiu consolidar esse hábito. Li a frase sublinhada por Nadja. Ela tinha razão. É uma das frases mais tristes que alguém já escreveu. Proust disse: “Nesse nosso mundo onde tudo fenece, tudo perece, há uma coisa que se deteriora, que se desfaz em pó até de forma mais completa, deixando para trás ainda menos traços de si do que a beleza: a saber, a dor”.

A dor. A dor da perda de um grande amor. A gente imagina que vai morrer sem ele. Como dói aquela ausência. Como dói a perspectiva de nunca mais ter nos braços alguém que a gente imaginava ao nosso lado para sempre. Nunca mais. E no entanto quando aquela dor torturadora se vai, vencida enfim pelo correr dos longos dias, o que sentimos não é alívio, mas vazio e frustração. É como se pensássemos: o grande amor exige uma dor eterna, um luto no coração até o último dia. Só que a dor, como disse Proust, dura ainda menos que a beleza. Devolvi o livro a Nadja e trocamos de assunto. O resto do almoço foi alegre. Lembramos certas passagens de nosso romance como na cena final de um dos meus filmes preferidos, Annie Hall, de Woody Allen, e rimos muito. Lembramos, por exemplo, o dia em que entramos por acaso numa festa de firma num bar no Terraço Itália e acabamos comendo mais, bebendo mais e rindo mais do que qualquer pessoa naquele salão. Lembramos a madrugada bêbada numa boate em que uma prostituta recomendou compostura a Nadja. E então era tempo de despedida. Sem drama. Ela refizera sua vida e eu a minha. Ela voltava para Mato Grosso e eu para minha vida de escritor barato. Já não doía como doera nem nela nem em mim, mas ali compreendi com clareza que a morte da dor amorosa também pode, de uma forma estranha, doer.

Sexo Proibido: uma mensagem de um filósofo de Paris

10/10/2010

 

"Clark fotografou a decomposição da sociedade americana"

 

Recebi um email de um parisiense que se identificou como Monsieur Noyer. Reproduzo porque tenho a esperança –  le espoir, como diria Monsieur Noyer – de dar vida nova ao mortiço debate em torno da exposição de Larry Clark. Veio em francês. A tradução é obra de Monsieuer Google.

“Bon jour, Monsieur Hernandez. Uma amiga minha brasileira, que mora em Paris, me contou sobre sua insatisfação com a qualidade da discussão sobre a exposição de Larry Clark no Musée d’Art Modern. Sou, como você, barato. A diferença é que sou filósofo barato, como todos os meus compatriotas, e não escritor barato. Pertencemos portanto à Fraternidade dos Baratos, e isso me levou a tentar ajudá-lo a melhorar o nível do debate.

Monsiuer Hernandez. A mostra deveria não apenas ser aberta a todos como as escolas deveriam levar seus alunos jovens para vê-la.  As fotos de Larry Clark mostram o que acontece a um país quando sua juventude se deixa levar pelos excessos: drogas, sexo, primeiro. Depois BigMacs, pipocas e Coca-Cola.

A geração que foi captada por Clark é hoje a sociedade adulta americana – obesa, neurótica, ultraconsumista. O declínio americano foi antecipado por Larry Clark em sua imagens tão bem quanto Edward Hopper captara antes a solidão nos Estados Unidos.

Os patriarcas americanos construíram um país à base de trabalho duro e uma vida simples, austera, sem ostentação. Disso resultou um grande país. Que começou a se desfazer quando aqueles princípios fundamentais foram destruídos.

Monsiuer Hernandez. Lamento não poder levar meus filhos e sobrinhos menores à exposição, embora haja um número irritante de pédérastes que só que querem ver os membros dos garotos fotografados.

Mas vou mostrar aos jovens Noyers o trabalho de Larry Clark para que eles saibam o que acontece quando você se entrega a excessos.

Au revoir, monsieuer.

MN

Areia Escaldante

10/10/2010

Para muitos, o escritor abaixo, do qual reproduzo um trecho, só não levou o Nobel por escrever numa língua morta …

 

O sol de Salvador clareara ainda mais os cabelos já claros e longos de Gabriela. Quase lhes devolvera a loirice da infância. Gabriela tinha 48 quilos, adequados para o seu metro e 63. Mas já tivera 56 quilos. Para não voltar aos dias de gorducha, pusera uma balança eletrônica em seu banheiro na qual se pesava toda manhã depois do banho. Quando passava dos 52, acionava uma dieta intuitiva mas eficaz da qual estavam banidos doces, pães e massas.

Gabriela sabia como agradar a um homem. Ela parecia tratar cada homem com quem falava como se fosse o único. Esse era seu maior e mais duradouro encanto. Nunca ninguém fizera antes Eduardo sentir-se tão espirituoso. Gabriela olhava direto nos olhos, ria intuitivamente mesmo das piadas que não entendia, parecia sempre interessada na conversa. E tinha o que se poderia definir como um certo ar sexual permanente. Você punha os olhos nela e imediatamente tinha pensamentos sexuais. Gabriela parecia sexual num velório, num corredor de hospital ou numa cadeira de dentista.

De repente ela se desvencilhou da mão de Eduardo. Correu alguns metros, estacou perto do mar e deitou-se de costas na areia. O vestido de verão de um amarelo quase que transparente, comprado de uma negra de 120 quilos na Praia do Forte, pareceu a Eduardo indescritivelmente belo sob o fundo de areia. Naquele instante ele daria tudo para que os relógios nunca mais se movimentassem e Gabriela se eternizasse deitada ali na imensidão branca de Itapuã, num início de madrugada cálida. Quando Eduardo a alcançou, ela já retirara a calcinha e a abanava com a mão esquerda como um leque e também como um troféu. Era uma calcinha branca. Gabriela só usava calcinha branca. Ela ordenou: “Vem. E se alguém chegar, não pára.”

Eduardo foi.

Assim falava Tia Iracema

08/10/2010

 

Não é mole

 

Sócrates do erotismo, dona de imensa sabedoria sexual jamais transformada em livros, Tia Iracema recebe aqui de mim o tributo póstumo da publicação de seu pensamento elevado e elevador em drágeas, uma por vez.

“O maior desafio da vida de um homem não é superar o medo da morte ou do fracasso, não é dominar e vencer a si próprio, mas conseguir urinar decentemente em estado de ereção.

Assim falava Tia Iracema

06/10/2010

A casa dela é onde ela encontra razões para essa vibração

Tia Iracema, a Sócrates da lascívia, não fazia cerimônia ao despejar sua sabedoria sexual sobre os ouvintes. Vou colocando aqui, como um humilde Platão, uma a uma, frases de seu pensamento elevado e elevador.

Assim como a casa do homem é onde estão seus livros, a casa da mulher é onde está o que a faz vibrar, a saber, seu vibrador.

Por que as mulheres preferem os tolos

03/10/2010

São eles que pegam todas

Agora descobri por que Newton, Einstein, Stephen Hawking e eu somos fracos com mulheres.

É que elas preferem os tolos. Machado de Assis demonstrou isso cientificamente.

Nós, “homens de espírito”, como escreveu Machado, colocamos a mulher tão no alto — merecidamente, é claro —  que ficamos “atormentados, indecisos”. O tolo — “o tolo completo, tolo total, no apogeu da tolice” — não tem esses escrúpulos. “A intrépida opinião que ele tem de si próprio o reveste de sangue frio e segurança. Nada paralisa sua audácia”, constatou Machado.

Não existe infelizmente tolice adquirida, Ou você nasce tolo, uma sorte, ou está condenado a fazer parte do grupo a que pertencemos Newton, Einstein, Hawking — e eu.

Os 10 melhores romances eróticos — número 8: O Crime do Padre Amaro

30/09/2010

Cartaz de um filme mexicano inspirado no livro

Você pode bem imaginar qual é o crime do padre Amaro.

Ele conquista o coração e a carne tenra de uma rapariga linda e pura, Amélia. Com seu realismo e brutal anticlericalismo, Eça de Queiroz  faz de O Crime do Padre Amaro um romance de elevado teor sexual. A conquista de  Amélia pelo predador sexual de batina é lenta, gradual e segura. O leitor como que assiste do camarote.

Eça é um escritor que tem que ser lido. Seu manejo do português é soberbo. Ele tem a mesma estatura de gigantes como Balzac, Zola, Dostoieski e Machado de Assis. Dominou como poucos a arte de escrever romances.  Você conhece a história de Portugal na segunda metade do século 19 pelas páginas de Eça.

O sexo, em Machado de Assis, era sutil. Você sequer tem certeza de que Capitu traiu o marido Bentinho porque fica no ar a possibilidade de um ciúme doentio do narrador, o próprio Bentinho. Em Eça não. O sexo é como ele é na vida real — uma força da natureza.

Assim Falava Tia Iracema — 2

28/09/2010

Minha lembrança de Tia Iracema

Verdadeira Sócrates da filosofia sexual, Tia Iracema — uma santa! — legou a nós que a conhecemos a amamos um arsenal precioso de aforismos amorosos. Como prometido, coloco uma frase por vez para que o pensamento elevado e elevador de Tia Iracema possa ser devidamenta apreciado.

Não reclame porque os outros não reconhecem suas virtudes sexuais. Pense, antes, se você reconhece as virtudes sexuais dos outros.

Foi o Google ou foi Manu?

22/09/2010

Eva e o namorado Adolfo

E então.

Manu, a Mulher Total, aplicou um golpe ou não ao desvendar velozmente a engenhosa charada que eu armara?

John, nosso Hard Finger, insinuou que sim.

Estou bem menos passado, com essa possibilidade, do que estive quando Manu respondeu, certeira. Mas. Mas. Mas quero ouvir a impetuosa Manu.

Faria ela uso subreptício do Google apenas para ganhar meu livro?

As mulheres são capazes disso?

A única maneira de Manu provar inocência é, imediatamente, contar por que a autora tinha certeza de que Hitler traíra Eva com Magda Goebbels, a mulher mais bela do Reich.