“Peter?”
“Hmm?”
“Nunca encontrei alguém que gostasse tanto de sexo quanto você. Estou me sentindo uma … sei lá, uma escrava sexual de você, e estou tão feliz. Aquele dia no trem … você ficou ereto a viagem toda. Mais de duas horas.”
Eles tinham ido a Paris num fim semana pelo Eurostar, o trem que passa por baixo do Canal da Mancha. Você sai de St Pancras e chega à Gare du Nord. Direto de uma área central de Londres para outra de Paris. Ao voltarem, Tania encostou-se delicadamente em Peter e dirigiu discretamente para o meio das coxas dele a ponta de seus dedos cujas unhas estavam pintadas com os naipes do baralho. Era assim que Ibiza Girls, as lendárias massagistas do Empire Casino em Leicester Square, pintavam as unhas.
“Por que tanto apetite, Peter?”
“É uma resposta ao tédio que sinto, Tania. Acho a vida, basicamente, sofrimento. Perdas, traições, decepções. Schopenhauer dizia que a pior coisa que pode acontecer a alguém é nascer, e eu parcialmente concordo. O sexo é uma trégua, um intervalo precário e glorioso, neste ciclo infindável de dor.”
“Peter?”
Ela passou as mãos pelo cabelo loiro, genuinamente branco como a neve que nos últimos dois invernos voltara a Londres. Peter achava tão inocente esse gesto casual que ficava tocado.
Uma menina, uma garotinha aos 23 anos.
“Hmm?”
“Se houvesse nas universidades uma disciplina de filosofia sexual, você poderia ser catedrático. Você é um filósofo sexual.”
“Quanta honra, Tania. Raras vezes recebi um elogio tão profundo. Pena que não possa contar isso para a minha mãe.”
Riram, os olhos de um fixados nos do outro.
“Peter?”
“YA lyublyu tebe.”
Isso era a única coisa em ucraniano que ele conhecia.
Te amo.