Archive for Abril, 2007

Sim ou não?

20/04/2007

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Discute-se o aborto no Brasil. Deve ser tornado legal ou não? Tema complexo. A imagem de um feto comove. Leio que um estado americano obrigará as grávidas interessadas em abortar a ouvir, antes, o som do coração do feto. Mas – goste-se ou não da idéia de legalização – é impossível ignorar que aborto só é proibido, no Brasil, para as mulheres pobres. Quem tem dinheiro faz aborto com a mesma facilidade com que se extrai a amígdala. Mas você. Quero ouvir você. Se houver um plebicisto, você vota sim ou não?

Tinha ter que ser assim

20/04/2007

Grazi era uma mulher comum que namorava um cara comum. Virou uma estrela da Globo. E então o namoro com o cara comum acabou. Já escrevi outro dia. Os relacionamentos só funcionam entre iguais, ou semelhantes. Grandes pensadores do passado, ocidentais ou orientais, falaram disso. Tanto para relações amorosas como para a amizade. A Grazi caipira talvez se casasse com o namorado caipira. A Grazi celebridade iria com certeza descartá-lo. Sorte dele. Ele estaria condenado à infelicidade se ficasse com uma mulher que ingressou num mundo ao qual ele não pertence.

Matador solitário

20/04/2007

E então me pergunto: se uma mulher desse atenção para o jovem sul-coreano a tragédia da universidade americana teria sido evitada?

Anotações de um escândalo

12/04/2007

Estou terminando de ler o livro. Não vi o filme. Aquela história da professora de 42 anos que se envolve sexualmente com um aluno de 15. Me lembrei de uma sentença de Epicteto, um grande filósofo estóico da antiguidade romana. Mais ou menos assim: antes de se entregar a um prazer, pense detidamente nas conseqüências. Compare o lado bom com o lado ruim. Veja qual dos dois pesa mais. E então tome sua decisão. Mas não antes. Tivesse a professora lido e seguido Epicteto, ela evitaria um passo que arruinou sua vida e a de muita gente a seu redor. Sua filha adolescente, por exemplo. As escolas dão tanta matemática e gramática, mas não ensinam nada da arte de viver.

Alemão e Siri

12/04/2007

Bonita a foto de capa da revista Quem. Ele, sem camisa, a abraçando por trás. Me contam que aos jornalistas da Quem ela comentou, ao ver a capa: “Ele é muita areia para meu caminhãozinho”. Uma relação desigual já desde o início. Ela o vendo como um semideus. Não pode durar. Ou não assim. Para que possa durar ela tem que retirá-lo de um trono que ele não merece ocupar. Ela tem que gritar para ela mesma: “Gosto dele, mas sob certos aspectos esse cara é um idiota. E bem que ele podia chorar menos na tentativa de mostrar que é sensível. No mais, se um dia ele pegar um livro para ler vai ficar mais interessante.”

Só para mulheres ricas

12/04/2007

E então eis que o país começa a discutir a legalização ou não do aborto. Uma freira, numa entrevista para a Veja, defendeu há alguns anos a legalização. Disse que o aborto já é legal. Mas para quem tem dinheiro. A freira foi punida pela igreja. Por ter dito uma verdade inconveniente. Mas verdadeiríssima.

Amor ou moedas

05/04/2007

Vejo na capa da revista Quem Ana Maria Braga num beijo cinematográfico. Ela acaba de se casar com um homem mais de vinte anos mais jovem. A sabedoria amorosa consiste na relação entre semelhantes. Gente que pertença ao mesmo mundo tem mais chance de se entender. Em todas as esferas. Olho para a foto do casal e me pergunto: é amor o que move o noivo? Ou as moedas? A mulher jovem com quem Paul McCartney teve, já na faixa dos sessenta, um casamento curto e infeliz: era o amor que a movia? Ou as moedas? Você. Que você acha?

O mito da paixão eterna

03/04/2007

O cinema e a tevê criam em nós o mito da paixão eterna. É como se os relacionamentos só fizessem sentido na lógica do fogo selvagem na alma. O coração que dispara quando o telefone toca, o ímpeto frenético de novas descobertas, coisas desde gênero. Penso que muitos casamentos se desfazem não porque os dois deixem de se amar, mas sim por serem prisioneiros do mito da paixão eterna. A convivência diária entre duas pessoas como que colide com o mito da paixão eterna. O dia a dia não faz o coração disparar, e então corremos atrás de uma nova ilusão, e depois de mais uma, e depois de mais uma, eternos prisioneiros de um mito que é exatamente um mito.