Os conselhos de acompanhante Belle de Jour para que a mulher tenha uma vida sexual feliz


ESCRITOR BARATO LÊ escritora barata. Há uma certa camaradagem entre nós, os esforçados soldados rasos das letras, os transpolins anônimos para Dostoievski, Tolstoi e Flaubert. Por isso peguei para ler o segundo livro da Belle de Jour, a cientista gostosa e quente que, para pagar um doutorado de mais ou menos 300 000 reais, fez durante 14 meses, entre 2003 e 2004, acompanhante df em Londres. Quase 1 000 reais a saída.

É um livro divertido, muito mais cômico e irônico do que erótico. Você mais ri que fica excitado, com certeza. É um erro grosseiro dizer que Belle de Jour, ou Brooke Magnanti, glamurizou a prostituição.  É o oposto. Ela tira todo o peso, toda a seriedade, toda a solenidade da vida de garotas de programa bsb. E também a lamúria, a autppiedade. Como sugeriram grandes filósofos, entre os quais Sêneca e Montaigne, ela ri da miséria humana, em vez de chorar.

Bem, ela entremeia seus relatos com listas e conselhos espirituosos para uma vida afetiva e sexual saudável e prazerosa. Não tem o tom doutoral e mofado das revistas femininas, mas sim a vivacidade petulante de quem sabe muito sobre sexo com lindas garotas e quer repartir, generosamente, com quem sabe pouco ou nada.

Me chamaram a atenção duas recomendações que ela faz, às leitoras, para tirar o sexo de uma eventual situação de tédio. Gostaria de ouvi-los, turma. A primeira: conversar abertamente com as amigas sobre sexo. Pode ser libertador e inspirador, segundo Belle. Boas práticas sexuais podem ser trocadas. Alguma coisa que alguém fez ou faz pode ter bons resultados para você na, como Tio Fabio dizia, fornicação.

A outra recomendação é: vejam pornografia, meninas. “Ao contrário da lenda, a mulher pode subir às alturas com um bom filme pornô”, diz ela, numa tradução livre. “Há situações interessantes e instrutivas.” Admito que sempre acreditei nessa tese, a de que mulher é avessa à pornografia. Meu limite pessoal foi a História de O e O Império dos Sentidos, que não chegam a ser pornografia.

Belle de Jour, com sua franqueza desconcertante, desmonta a questão da indiferença feminina ao sexo kinky do cinema pornográfico. A única mulher realmente entretida com erotismo que conheci foi Anais Nin, uma excelente escritora que nos anos 30, com seu jeitinho suave, chacoalhou Paris com seu amigo e amante Henry Miller, o autor de Trópico de Capricórnio. Anais, de quem recomendo qualquer volume de contos, escrevia histórias tórridas para um colecionador de erotismo a 1 dólar a página. Substituiu, aí, Henry Miller, e não raro escrevia na cama, caneta e caderninho, ao lado do marido bancário adormecido. A parceria entre Henry Miller e Anais Nin se transformou num filme muito bom, Henry & June.

Bem, ao debate sobre os pontos levantados por Belle de Jour.

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37 Respostas to “Os conselhos de acompanhante Belle de Jour para que a mulher tenha uma vida sexual feliz”

  1. Anarcoplayba Says:

    Sobre os conselhos dela, me veio à cabeça uma pesquisa citada num post (http://anarcoblog.wordpress.com/2009/01/20/a-long-and-cocky-rant/) na qual “descobriram” que mulheres que experimentam práticas sexuais variadas têm mais orgasmos.

    Ne minha modesta opinião, isso não significa que práticas sexuais variadas deem mais orgasmos, mas apenas que mulheres que aceitam essa possibilidade com naturalidade tem mais orgasmos.

    E, nesse aspecto, entendo que a Belle esteja correta: converse sobre sexo, veja pornografia, veja erotismo, fale besteiras, brinque, divirta-se.

    Não estou falando para incluir chinchilas nas sus noites, mas para jogar um pouco de luz (metafórica) no sexo. Entendo que aceitar com naturalidade o que é natural é o primeiro e mais importante passo.

    E pra isso, falar e conversar sobre sexo, e assistir pornografia é um bom começo.

    • Nicky-san Says:

      Chinchilas? hahahahahaha

    • Fabio Hernandez Says:

      alguma recomendação especial, anarco?

      • Anarcoplayba Says:

        1) Isso é uma chinchila: http://www.conteudoanimal.com.br/info/chinchilas/chinchila.jpg

        2) Sem sugestões na verdade. O que é um turn on pra mim, pode não ser pra outra pessoa, etc, etc… vai muito de entender o parceiro. Tomar banho juntos, por exemplo, ajuda os parceiros a se acostumarem com a própria nudez…

        Uma coisa que é legal, na minha opinião, são conversas discretas e picantes em plena luz do dia, na rua, por exemplo.

        Acho que qualquer coisa que tire do sexo toda aquela aura cerimonial e ritualística ajuda.

        Nada contra grandes preparações e tal… mas coloquemos da seguinte forma: a pompa e circunstância é para valorizar a experiência, não deveria ser um requisito para a mesma.

  2. Nicky-san Says:

    Falar com as amigas sobre sexo -> fica mais divertido principalmente se tiver vinho e chocolate envolvidos!
    Seriously, são as melhores professoras!

    Sobre as pornografias, tem uns romances (que vende em qualquer banca) que dão um boa aula de sexo, viu!? O plot é um lixo, igual filme pornô, mas não é de todo inútil.

    Li o primeiro capítulo do “Belle de Jour’s Guide to Men”. É bemmmm legal também.

  3. Karina Says:

    “A primeira: conversar abertamente com as amigas sobre sexo. Pode ser libertador e inspirador”
    Ou não. Vc pode se deparar com um monte de travas moralistas nada inspiradoras. Não tenho paciência.
    E não gosto dessa mania que as pessoas têm de falar de sexo na base da gozação (sem trocadilhos!! LOL) É divertido, sim, na prática. Mas falar de sexo nesse tom torna tão banal/vulgar.

    Sobre filmes pornôs… sim, depende. Podem ser ridículos ou excitantes. Extremamente excitantes ou só uma pitada de pimenta. E uma literatura erótica pode fazer misérias mesmo.

    • Fabio Hernandez Says:

      vc recomenda algum filme ou livro para a turma, k?

      • Karina Says:

        Ah, apareceu aqui meu comentário anterior!!! Achei que tivesse se perdido no buraco-negro. Pode apagar um dos dois, Fabio Hernandez. O segundo está mais objetivo, mas a ideia é a mesma.

        Filme… vixe… pensei que os títulos fossem só pra fazer rir, nunca achei que um dia seriam úteis rsrs Mas nem saberia, Fabio Hernandez, pq qd vejo é quase por acaso (hein?! rs), nunca tive vontade de pegar/comprar um.
        O que faz o filme ser mais ou menos excitante é o quanto consegue passar de verdade. As mulheres geralmente dizem que tem que ter um enredo. N acho. Tem que parecer verdadeiro, só isso.

        E livro… olha… coincidentemente, estou lendo Elogio da Madrasta, do Llosa. Não é necessariamente erótico, mas…

        “Dona Lucrecia beijou seu pescoço e mordiscou os mamilos até ouvi-lo gemer (…) Ouviu-o ronronar como um gato manhoso, contorcendo-se sob seu corpo. Apressadas, suas mãos separavam as pernas de dona Lucrecia com uma espécia de exasperação. Colocaram-na de cócoras sobre ele, ajeitaram-na, abriram-na. Ela gemeu, dolorida e gozosa, enquanto, num redemoinho confuso, divisava uma imagem de São Sebastião flechado, crucificado e empalado. (…) Não se conteve mais. Com os olhos entrecerrados, as mãos atrás da cabeça, avançando os seios, cavalgou naquele potro de amor que se balançava com ela, ao seu compasso, ruminando palavras que mal podia articular, até sentir que ia desfalecer.”

        Obs. irresistível: melhor omitir o nome. Lucrecia é o ó!

      • Fabio Hernandez Says:

        Gosto mto do Llosa. esse livro é particularmente erótico, K. Boa passagem vc destacou. Fiquei feliz, uma vez, ao saber que p Llosa é louco por um pintor de que sou admirador, Egon Schiele, austríaco do começo do século XX. http://en.wikipedia.org/wiki/Egon_Schiele
        Gosto muito da Guerra do Fim do Mundo, do Llosa, sobre Canudos, inspirado nos Sertões, do Euclides da Cunha. Uma aula de história fascinante. A Menina Má, mais recente, é bem legal.
        E o Elogio da Madrasta é, como vc notou, um pequeno grande romance erótico.

      • Karina Says:

        Relutei um bocado em descobrir Llosa, agora n quero saber de outra coisa. Menina Má é ótimo, sim. Na contracapa do Elogio, o trecho de uma crítica define bem o que me encantou nele: “é um mestre na arte de contar histórias!” Muito bom mesmo.
        Vou buscar pelo título que sugeriu, thanks.

  4. Xana Says:

    Subscrevo totalmente.
    Andei num colégio interno, habituei-me a ouvir falar em masturbação e a contar “o beijo dado” o “apalpão” ,… e foi importante na minha maturação.
    Aquela cumplicidade foi-se com o tempo e com o casamento e começou com os livros e com os filmes eróticos ………. compensando alguma falta de realização com o parceiro.
    Bom artigo!!!!!!!!!!

  5. Petit Poupée Says:

    Algumas lições que tiramos dos filmes adultos (agora é assim que se fala ):

    *Todas as mulheres parecem ser ninfomaníacas;
    *Todas as mulheres são bissexuais;
    *Todas as mulheres tem de 18 à 21 anos;
    *Todas gozam!
    *Se vc tiver grana e carrão, tá feito;
    *A camisinha é instantânia: aparece e desaparece num passe de mágica;
    *Todas têm habilidades com acessórios sexuais;
    *Um é pouco, dois é mais ou menos, três é ótimo, 15 é uma festa;
    *Ninguém tem ciúme de ninguém;
    *A porra é hidratante pro rosto.

  6. Petit Poupée Says:

    Há uma diferença interessante entre o porno e o erótico: a pornografia provoca uma crise na narrativa o erótico não necessariamente. Acho difícil cenas de sexo, não é pra qq um, mesmo os consagrados, Saramgo, por ex, não tem talento pra cenas sexuais, aliás ele parece q não transa há anos rss, já o Polanski tem( sim é proposital). Aposto um dólar que sua lígua Fábio, tá coçando pra nos dar umas dicas sobre isso…

    Nicky vc não postou mas nada sobre a Belle, conhece Anne Sexton?

    • Nicky-san Says:

      Petit, já leu o Evangelho Segundo Jesus Cristo?
      A cena de sexo não é de todo ruim…
      É um misto de “ritualística” e “primitiva”…
      Mais primitiva que qualquer coisa!
      Mas é esse o ponto… Um bom filme, ou um bom livro, que seja, tem por obrigação mostrar sexo com – consoante Anarco – uma “aura cerimonial e ritualística”. Creio que a Belle não se referia a esse tipo de literatura, rs. Sexo é primitivo na essência! Depois que termina, a gente ouve “eu te amo” ou alguém roncando? (não precisam responder, everybody knows the answer.)

      Ah, não traduzi mais a Belle. Queria pegar esse capítulo de que falei, do livro dela, mas vou variar pro próximo post.
      (Não variar tanto!) Continuo falando de sexo, um pouco menos divertido e um pouco mais picante…
      Coming soon – em português!!! – “The one-night-stand etiquette”, que saiu na revista Cosmo.

      Anne Sexton!?
      (Google já!!!!!!!)

      Beijos 😉

      • Petit Poupée Says:

        Olha Nicky, um conceito de orgasmo muito bacana

        Se vc gostar, fica a diga pro seu cantinho de tradutora, bjo

      • Fabio Hernandez Says:

        Putz, por falar em deprê … A Anne Sexton bate todos os recordes.

      • Petit Poupée Says:

        Putz, nem vou te perguntar de vc gosta dOs Sofrimentos do jovem Werther rss

      • Fabio Hernandez Says:

        Quer partir prum DD — Duelo/Deprê?

        Noites Brancas, Dostoievski

      • Petit Poupée Says:

        Vc em vez de partir pros meus malditos preferiu os meus favoritos?rss

        O Lobo da Estepe, Herman Hesse

      • Fabio Hernandez Says:

        Morte em Veneza, Thomas Mann

      • Anarcoplayba Says:

        Pergunta: Quem sai ganhando num Duelo Deprê?

      • Fabio Hernandez Says:

        os fabricantes de antideprê

      • Karina Says:

        Deprê, depravadê e horrivê: Trilogia Suja de Havana – Gutierrez

      • Fabio Hernandez Says:

        me rendo.
        o gutierrez conseguiu tornar deprê, depravade e horrivê o graham greene em ‘nosso gg em havana’. se não me engano, até o rabo o gg do gutierrez deu!

      • Karina Says:

        (poxa, os comentários estão entrando no lugar errado)
        Repetindo:

        kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

        N faço ideia do que fez o GG do Gutierrez, mas n é nada improvável. Só tive essa experiência traumática da Trilogia. meudeus.

      • Fabio Hernandez Says:

        o gg do gutierrez faz coisas do arco da velha, k. pods crer.

  7. Karina Says:

    Deprê, depravadê e horrivê: Trilogia Suja de Havana – Gutierrez

  8. Karina Says:

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    N faço ideia do que fez o GG do Gutierrez, mas n é nada improvável. Só tive essa experiência traumática da Trilogia. meudeus.

  9. Petit Poupée Says:

    Isso aqui virou uma orgia literária rss…mas até que a idéia do duelo…

  10. Petit Poupée Says:

    kkkk pronto, virou uma orgia a parada!

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