Recebi de uma anônima ilustra o depoimento abaixo. Ela me julgou machista ao falar de homens novos e mulheres nem tanto. Achei tão rico o relato que decidi transcrever na íntegra, para abrir um debate em nossa pequena mas unida (ou não?) comunidade. Ei-lo.
“A Susana Vieira não sabe, mas esse policial militar do subúrbio que ela levou ao altar não destruiu apenas uma suíte de motel: ele fez um bom estrago na fantasia de muitas mulheres poderosas.
“Estava na cara que isso ia acontecer. Viu só?”, perguntou um rapaz à mãe, coitada, que namora um cara 25 anos mais jovem. A mensagem é cruel: mulher mais velha que se mete a ter um caso (pior ainda, casar) com alguém com a metade da sua idade está condenada a ser traída ou abandonada da forma mais grotesca possível. Namorados mais jovens sempre acabarão em motéis com prostitutas ou garotas da idade deles. Logo, mulher mais velha tem que ficar com homem mais velho. Ali, direitinho, resignada.
Essa lógica é, naturalmente, furada. Cada vez mais furada.
Quem condena uma transa entre uma mulher mais velha e um garoto desfralda um argumento que parece imbatível. ”, sua tonta, não está vendo que é puro interesse? Interesse material, profissional, financeiro, ou o simples fascínio pelo poder, pela influência, pela visibilidade. É só dar uma olhada em todos esses homens mais velhos, passados os 60, 70, 80, ou 90 anos – Oscar Niemeyer, João Gilberto, Chico Buarque, Sean Connery, Michael Douglas – que seduziram ou foram seduzidos, que foram e são a fantasia de tantas mulheres muito mais jovens. Seu poder de sedução é multiplicado por sua genialidade. Ou por sua posição. Seu status. Há um lado afrodisíaco no sucesso, no reconhecimento. Os mais velhos costumam ter uma carreira mais consolidada e uma conta bancária bem mais polpuda.
Aquele jovem e desconhecido ator iniciante Reynaldo Giannechini de sete anos atrás em Laços de Família – aliás, o belo era um ator sofrível, e felizmente para ele ninguém se lembra mais de suas primeiras atuações – não teria se apaixonado por Marília Gabriela em 1998 se ela não fosse a Marília Gabriela. Antes de ser namorado, ele era fã, tiete da apresentadora e atriz. Era recém-formado em Direito, modelo, e queria ser ator. Tinha 24 anos a menos do que Marília. Aprendeu muito com ela. A relação dos dois terminou como muitas terminam, por desgaste, mesmo quando não há o peso da diferença da idade. Mesmo entre pessoas bem comuns.
Casos de amor verdadeiro freqüentemente envolvem um interesse saudável. É um misto de admiração, de vontade de participar do mundo do outro, conhecer os amigos. Muitas vezes, essa união acaba rendendo contatos no mundo profissional. Isso não quer dizer necessariamente que o mais novo esteja sendo oportunista, ou que não haja amor de verdade. Relacionamentos mais ousados, com maior risco, podem ter prazo de validade mais curto. É o preço que se paga pela intensidade na vida. Susana Vieira poderia ter escolhido um homem mais inteligente; ou poderia não ter assumido um compromisso público com alguém que acabara de conhecer. Mas, vamos pensar juntos. Há tantos exemplos de paixão cega (isso não seria um pleonasmo?), aquela que ignora todos os sinais da razão, toda a coerência…
Mulheres bonitas, sensuais e maduras despertam, sim, paixão em homens mais jovens e interessantes. E as cinqüentonas que já experimentaram na cama ou no chão o vigor selvagem de um rapaz no seu auge, entendem direitinho o entusiasmo de um amigo mais velho que de repente se deixa fisgar pelo frescor físico e mental de uma moça. Mesmo que, depois, venha o abandono.
Homens podem achar que não, mas mulheres conversam sobre pau. Pau grande, pequeno, grosso, fino, reto, torto. Falam dos paus que não precisam de manuseio nem de nenhum guindaste especial. Nem de álcool, nem de clima nem de Viagra. Homens que se excitam loucamente só de falar com você ao telefone, só de dizer oi, só de estar na sua frente, mesmo que ambos estejam completamente vestidos. Francamente, desculpem-me os coroas, isso não acontece com os homens mais velhos. Não acontece sobretudo com os maridos mais velhos nos longos casamentos.
Posso contar um segredo? Os homens que sentem urgência em levar uma mulher madura e inteira para cama não são os mais velhos. São os mais jovens. Os bonitos e inteligentes se sentem envaidecidos. Antes, por excesso de pudor ou autocrítica, muitas mulheres nem sequer ousavam. Agora, há quem experimente e recomende. Não para casar. Mas, para conhecer algo novo, surpreendente. Mesmo que seja uma roubada a longo prazo. Mesmo que ela se iluda achando que poderá manter o controle sobre os sentimentos.
É como aprender, depois dos 50 anos, a mergulhar de cilindro em águas transparentes ou se jogar num vôo de asa delta. Muda a respiração. A gravidade, o ambiente. Aceleram-se os batimentos cardíacos. O prazer ganha, por alguns momentos, uma outra dimensão. É efêmero, sim, e daí?
Se quisermos aprender com os gregos antigos sobre o assunto, é prudente recorrer a um discípulo de Sócrates, o filósofo hedonista Aristipo de Cirene (435 AC – 356 AC). Hedonismo vem do grego hedone – “prazer”. Na descrição da Wikipédia, o hedonismo é “a tendência a buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o que possa ser desagradável”. Mas, atenção mulheres, para o detalhe que faz toda a diferença: Cirene defendia um controle racional sobre o prazer para que não se desenvolvesse uma dependência perniciosa. Para que não nos tornássemos reféns incondicionais dos prazeres. Se você quiser experimentar, vá com calma, desfrute, aproveite, ensine, aprenda, leia a bula, evite overdose. Um rapaz no seu auge faz muito bem à pele, aos cabelos, e ao ego. É melhor do que todos esses cremes importados que prometem milagres.
Se você já experimentou, conte pra gente.”