Archive for Maio, 2007

E a vencedora é …

30/05/2007

Kate Winslet. Salvou do naufrágio Titanic, e foi definitivamente excitante em Pecados Íntimos no papel de uma angustiada e fogosa adúltera. Também em Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças ela nos fez suportar melhor Jim Carrey fora do papel de comediante. Ela parece dizer com aquele seu olhos gulosos: tudo é possível, tudo é possível. E aí me lembro de uma frase de Rocky Horror Show: “erotic madness beyond any measure” Loucura erótica acima de toda medida. Kate Winslet, como os quadros de Klimt, cabe bem nesta frase. (Não sabe quem é Klimt? Google já.) Ela tem apenas uma rival no mundo que está aí: Angelina Jolie.Sei lá por que, imagino as duas juntas. Angelina gostava da companhia de mulheres na cama. Será que ainda gosta? As tatoos de Angelina são bem mais interessantes que Brad Pitt.

Odeio Você

30/05/2007

No show de Caetano a música que mais faz sucesso é . Dizem que foi feita para a ex-mulher. Meu guru Dalai Lama diz que raiva não se deve cultivar. Faz mal para a gente. Sou, essencialmente, um homem de compaixão. Mas o fato é que é uma delícia olhar para alguém e dizer com a convicção dos fanáticos: odeio você. A ex-mulher de Caetano deve ser insuportável para ter sido a musa dessa música. O próprio Caetano, gênio total na música, é. Ele poderia cantar esta música de frente para o espelho.

A mulher do Renan

30/05/2007

Morena interessante, mostra a foto. Dizem que é jornalista, mas ninguém consiga citar uma reportagem ou artigo que ela teria feito. Em compensação, amantes poderosos são citados em bom número. Nunca subestime uma mulher em busca de vingança. Renan citou Cícero, pobre Cícero, em seu discurso que, para citar um comentário de um internauta, não convenceu nem a ele próprio. Se Renan tivesse lido Sêneca e não Cícero talvez evitasse a humilhação pela qual está passando. Disse Sêneca sobre casos de amor ilícito como o de Renan e a mulher irada: “É mais fácil não começar do que terminar”. Todo o prazer que ele possa ter extraído da mulher irada é insignificante diante do preço que ele está pagando. Mais fácil não começar do que terminar. É sábio pensar nisso antes de dar certos passos sugeridos pela tentação.

Confissões de uma mulher madura

28/05/2007

Recebi de uma anônima ilustra o depoimento abaixo. Ela me julgou machista ao falar de homens novos e mulheres nem tanto. Achei tão rico o relato que decidi transcrever na íntegra, para abrir um debate em nossa pequena mas unida (ou não?) comunidade. Ei-lo.

“A Susana Vieira não sabe, mas esse policial militar do subúrbio que ela levou ao altar não destruiu apenas uma suíte de motel: ele fez um bom estrago na fantasia de muitas mulheres poderosas.

“Estava na cara que isso ia acontecer. Viu só?”, perguntou um rapaz à mãe, coitada, que namora um cara 25 anos mais jovem. A mensagem é cruel: mulher mais velha que se mete a ter um caso (pior ainda, casar) com alguém com a metade da sua idade está condenada a ser traída ou abandonada da forma mais grotesca possível. Namorados mais jovens sempre acabarão em motéis com prostitutas ou garotas da idade deles. Logo, mulher mais velha tem que ficar com homem mais velho. Ali, direitinho, resignada.

Essa lógica é, naturalmente, furada. Cada vez mais furada.

Quem condena uma transa entre uma mulher mais velha e um garoto desfralda um argumento que parece imbatível. ”, sua tonta, não está vendo que é puro interesse? Interesse material, profissional, financeiro, ou o simples fascínio pelo poder, pela influência, pela visibilidade. É só dar uma olhada em todos esses homens mais velhos, passados os 60, 70, 80, ou 90 anos – Oscar Niemeyer, João Gilberto, Chico Buarque, Sean Connery, Michael Douglas – que seduziram ou foram seduzidos, que foram e são a fantasia de tantas mulheres muito mais jovens. Seu poder de sedução é multiplicado por sua genialidade. Ou por sua posição. Seu status. Há um lado afrodisíaco no sucesso, no reconhecimento. Os mais velhos costumam ter uma carreira mais consolidada e uma conta bancária bem mais polpuda.

Aquele jovem e desconhecido ator iniciante Reynaldo Giannechini de sete anos atrás em Laços de Família – aliás, o belo era um ator sofrível, e felizmente para ele ninguém se lembra mais de suas primeiras atuações – não teria se apaixonado por Marília Gabriela em 1998 se ela não fosse a Marília Gabriela. Antes de ser namorado, ele era fã, tiete da apresentadora e atriz. Era recém-formado em Direito, modelo, e queria ser ator. Tinha 24 anos a menos do que Marília. Aprendeu muito com ela. A relação dos dois terminou como muitas terminam, por desgaste, mesmo quando não há o peso da diferença da idade. Mesmo entre pessoas bem comuns.

Casos de amor verdadeiro freqüentemente envolvem um interesse saudável. É um misto de admiração, de vontade de participar do mundo do outro, conhecer os amigos. Muitas vezes, essa união acaba rendendo contatos no mundo profissional. Isso não quer dizer necessariamente que o mais novo esteja sendo oportunista, ou que não haja amor de verdade. Relacionamentos mais ousados, com maior risco, podem ter prazo de validade mais curto. É o preço que se paga pela intensidade na vida. Susana Vieira poderia ter escolhido um homem mais inteligente; ou poderia não ter assumido um compromisso público com alguém que acabara de conhecer. Mas, vamos pensar juntos. Há tantos exemplos de paixão cega (isso não seria um pleonasmo?), aquela que ignora todos os sinais da razão, toda a coerência…

Mulheres bonitas, sensuais e maduras despertam, sim, paixão em homens mais jovens e interessantes. E as cinqüentonas que já experimentaram na cama ou no chão o vigor selvagem de um rapaz no seu auge, entendem direitinho o entusiasmo de um amigo mais velho que de repente se deixa fisgar pelo frescor físico e mental de uma moça. Mesmo que, depois, venha o abandono.

Homens podem achar que não, mas mulheres conversam sobre pau. Pau grande, pequeno, grosso, fino, reto, torto. Falam dos paus que não precisam de manuseio nem de nenhum guindaste especial. Nem de álcool, nem de clima nem de Viagra. Homens que se excitam loucamente só de falar com você ao telefone, só de dizer oi, só de estar na sua frente, mesmo que ambos estejam completamente vestidos. Francamente, desculpem-me os coroas, isso não acontece com os homens mais velhos. Não acontece sobretudo com os maridos mais velhos nos longos casamentos.

Posso contar um segredo? Os homens que sentem urgência em levar uma mulher madura e inteira para cama não são os mais velhos. São os mais jovens. Os bonitos e inteligentes se sentem envaidecidos. Antes, por excesso de pudor ou autocrítica, muitas mulheres nem sequer ousavam. Agora, há quem experimente e recomende. Não para casar. Mas, para conhecer algo novo, surpreendente. Mesmo que seja uma roubada a longo prazo. Mesmo que ela se iluda achando que poderá manter o controle sobre os sentimentos.

É como aprender, depois dos 50 anos, a mergulhar de cilindro em águas transparentes ou se jogar num vôo de asa delta. Muda a respiração. A gravidade, o ambiente. Aceleram-se os batimentos cardíacos. O prazer ganha, por alguns momentos, uma outra dimensão. É efêmero, sim, e daí?

Se quisermos aprender com os gregos antigos sobre o assunto, é prudente recorrer a um discípulo de Sócrates, o filósofo hedonista Aristipo de Cirene (435 AC – 356 AC). Hedonismo vem do grego hedone – “prazer”. Na descrição da Wikipédia, o hedonismo é “a tendência a buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o que possa ser desagradável”. Mas, atenção mulheres, para o detalhe que faz toda a diferença: Cirene defendia um controle racional sobre o prazer para que não se desenvolvesse uma dependência perniciosa. Para que não nos tornássemos reféns incondicionais dos prazeres. Se você quiser experimentar, vá com calma, desfrute, aproveite, ensine, aprenda, leia a bula, evite overdose. Um rapaz no seu auge faz muito bem à pele, aos cabelos, e ao ego. É melhor do que todos esses cremes importados que prometem milagres.

Se você já experimentou, conte pra gente.”

A charada da semana II

25/05/2007

Uma pista: não é nenhuma das brasileiras.

Felizes de Mentirinha

25/05/2007

Uma peça que vi tinha uma frase que jamais esqueci. Todo mundo era pateticamente infeliz. Mas fingiam que não. Uma personagem – uma mulher atormentada – uma hora gritava, com o sorriso falso dos desesperados: “Somos felizes da melhor maneira. Somos felizes de mentirinha.” Lembrei disso ao ler notícias sobre a suposta separação do casal do BB7. Dizem que por razões de contrato os dois continuarão a fingir que estão juntos. Apaixonados da melhor maneira. De mentirinha.

A celebridade mais chata do Brasil

25/05/2007

A revista Época faz uma pesquisa em seu site sobre as celebridades mais malas. Luana Piovani nem entra no concurso. É fora de série em chatice. Quem ganha é Grazi, a caipira ingênua e bonita que virou estrela depois de um BBB. Suspeito que ela tenha ganhado antipatia do público depois que chutou o namorado também caipira para ficar com um bonitão da Globo que atende pelo estranho nome de Cauã. Conheço o cara apenas por algumas fotos, e Grazi bem que podia sugerir a ele que tirasse aquele bigode de Hitler.

Inveja dos orgasmos múltiplos

24/05/2007

Vejo Caetano cantar. Boa banda. As músicas novas são basicamente rock. Um baiano amigo meu não gosta. Diz que Caetano sempre sonhou ser Mick Jagger. Caetano está bem fisicamente para seus mais de 60 anos. Corre e, ainda que desajeitamente, dança durante o espetáculo. Às vezes ofega. Fala menos do que costumava. Conta que deu entrevista sobre política a um blogue antes das eleições do ano passado. E confessa que um comentário de um internauta particularmente o pegou. Mais ou menos assim: “Vocês estão cansados de ver o Caetano falar sobre tudo? Duro mesmo é ouvi-lo cantar com seu violão”. A resposta que ele deu no show foi, logo depois da confissão, pegar o violão e cantar, sublimemente, um clássico da música brasileira. Uma canção imortalizada por Chico Alves, uma em que o autor afirma que nos mais momentos mais solitários tem um “um companheiro inseparável” na voz do seu “plangente violão”.

O melhor momento do show. Mas não o mais divertido. Ele cantou e repetiu no bis uma música inteligente e irreverente que fala de homens e mulheres. Caetano diz que não tem inveja da maternidade, da lactação, de nada das coisas das mulheres. Apenas tem inveja dos orgasmos múltiplos. Caetano falou aí em nome de todos os homens. Nós em geral não temos a mínima idéia do que sejam orgasmos múltiplos, se são realidade ou jogo de palavras, se são verdade ou dissimulação. Mas invejamos.

Capitu traiu ou foi traída?

24/05/2007

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Machado de Assis só não tem a dimensão de Dostoievski ou Balzac ou Dickens porque escreveu numa língua semimorta. O português. Sei lá por que, penso em Capitu. Capitu e Bentinho. Terá ela traído de fato Bentinho, e justo com o melhor amigo dele? Tudo que temos é a versão do narrador, Bentinho. Dá para acreditar nesta versão? Ou o adultério declarado pelo narrador em Dom Casmurro é fruto de uma mente que, como se diz no zen budismo, balança e se agita como um macaco? Quantas vezes a gente não imagina coisas – como traição – que no fundo são apenas ações do macaco que toma conta de nossa mente?

O teste da semana

21/05/2007

Vamos ver se vocês conhecem minha alma. Que atriz eu acho definitivamente interessante:

a) Kate Hudson, pelo rosto de anjo malicioso e pelo corpo que faria um bispo chutar o poste ao cruzar com ela. Esplêndida em Quase Famosos, no papel de uma tiete chamada Penny Lane.

b) Sônia Braga, meio caída agora, mas imbatível pela maneira como deu alma a personagens de Jorge Amado. Em Tieta do Agreste estava selvamente erótica, seios quase à mostra em plena rua, pêlos debaixo do braço petulantemente não ceifados.

c) Kate Winslet, pelo espírito transgressor. Gorducha, parece exalar vontade de transar, transar e ainda transar. O Titanic só não afundou mais rápido por causa dela.

d) Susana Vieira, pela coragem em casar e desfilar com um troglodita ignaro para quem ela representa uma ascensão social. Nelson Rodrigues escreveu que o dinheiro compra até o amor verdadeiro.

e) Malu Mader, nossa desperate housewife, a deusa de sobrancelhas bastas que para infelicidade dos homens recusou nos bons tempos todos os convites da Playboy.

Preliminares. De novo

21/05/2007

Por engano foi republicado quase que na íntegra um texto meu sobre preliminares. Vi os comentários, e me diverti. Uma leitora irada viu na repetição falta de assunto e disse que sou um coitado. De certa forma sou, mas não por causa disso. Outra, meio que solidária com meus pontos, confessou detestar sexo oral, mas disse que tem que fingir que gosta. Prometo não voltar tão cedo ao tema, mas eis meu ponto. O que for bom para os dois está bom. Um casal não funciona quando um dos dois faz coisas apenas para agradar o outro. Um cara que queira fazer sexo anal com a namorada, por exemplo. Se ela não gostar, e topar apenas porque acha que tem que topar, é ruim. Péssimo. O bom sexo é como aquele prato no restaurante que ambos dividem porque gostam muito dele. Boas preliminares, e este foi meu ponto, são aquelas que tanto o homem quanto a mulher apreciam.

Mulheres atraentes não gostam de mulheres atraentes

21/05/2007

Termino de ler Casa de Encontros, romance mais recente de um bom escritor inglês, Martin Amis. Meio reacionário, mas um cara inteligente e provocador. É passado na Rússia sob ditadura. bolchevista. A trama é um triângulo amoroso: o narrador e seu irmão disputam uma mulher sexualmente ousada, muito à frente de seu tempo. Dois trechos me chamam a atenção. Num deles, o narrador diz para sua filha, uma mulher bonita: “Estou prestes a descrever uma jovem extraordinariamente atraente, e a experiência me diz que você não vai gostar, porque é isso o que você também é. E na minha experiência uma mulher atraente não quer nem ouvir falar de outra mulher atraente”.

Verdade? Acho que sim. E vocês?

O outro trecho que me tocou foi a descrição final do narrador sobre seu irmão e rival, Liev, que acabara de morrer. “Desde que eu nasci, você foi o defensor dos meus direitos. O defensor dos meus defeitos. Você se erguia como um deus – você cruzava o oceano, enchia o céu inteiro. E ainda sinto isso. Ter você como irmão era como ter cem irmãos. E ainda há de ser assim. Liev.”

Lugar de mulher é em casa ou no escritório?

18/05/2007

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Uma vez li um artigo que dizia que a zona erógena de mulher moderna é o escritório. Era uma piada, claro. Mas a questão está aí: teriam as mulheres exagerado na dedicação ao trabalho em prejuízo de tarefas como acompanhar de perto os filhos? Nos Estados Unidos há uma tendência de volta, por assim dizer, da mulher ao lar. Ou, pelo menos, a busca de mais equilíbrio. Trabalho em horário parcial, escritório em casa, esse tipo de recurso. Muitas executivas americanas, e tenho certeza de que é um sentimento comum a mulheres
de outras nacionalidades, se perguntam se o que parecia avanço não foi, de certa forma, um retrocesso. Está aberto o debate nesse nosso canto da blogosfera.

Cabelo branco é chique

18/05/2007

Converso com um grupo de pessoas alemãs. Uma delas é especialista em moda. Ela pergunta se no Brasil começam a aparecer mulheres – antenadas — de meia idade que não tingem o cabelo. Uma jornalista brasileira, que está a meu lado, grita que não. Ela tinge, claro. A alemã diz que vai ficando chique, na Alemanha, a mulher deixar o cabelo do jeito que é. Por questões de saúde (tintura faz mal) e por uma espécie de volta à natureza e à vida simples. Minha amiga diz que espera que essa moda só chegue ao Brasil depois que ela estiver morta. Quanto a mim: gosto de mulheres sem artificialismos. Do jeito que são. Não há perfume feminino melhor do que o cheiro da mulher mesmo. Contei que Napoleão pedia a Josefina para não tomar banho quando ele estava voltando de alguma campanha? Era para sentir seu cheiro. Mas enfim: já aprendi que as mulheres se interessam muito mais pela avaliação de outras mulheres (e delas mesmas) do que pelas avaliações masculinas.

Mona

16/05/2007

Queria tanto ter estado a seu lado nos últimos momentos. Tenho a impressão, ou a ilusão, de que teria confortado você. Ou a mim mesmo. Mas não deu tempo. Você passou pela minha vida rápido como um arco-íris, e como um arco-íris deixou uma marca de beleza fulgurante e luminosa. Nossa despedida. Estou vendo agora. Nós dois juntos, só nos dois, como você tanto gostava. Ali naquela clínica veterinária para a qual foi levada quando já não havia mais chance. Tão nova: dois anos. Nós dois. Você serena, linda em seus pêlos negros, coberta por uma toalha posta delicadamente pela Laura. Verifiquei seus olhos, que eu sempre limpava por achar que menina tem que estar sempre bonita. Estavam limpos. Acariciei você na despedida, como você tanto gostava. A diferença é que onde havia latidos e olhares de gratidão reinava agora o silêncio. Por que você me comoveu tanto, sempre ? Pelos olhos tristes como os meus?

De você lembrarei sempre, . Das laranjas chupadas até o último bagaço. Do esforço ingênuo e persistente em se integrar numa casa que nunca tivera um cachorro. Do amor que jorrava de você. Peguei para mim sua coleira modesta, . Está guardada em minha casa e meu coração como uma relíquia sagrada. Peguei também a carteirinha de vacinação, com tanto espaço em branco ainda por preencher. Tudo em você era modesto, não é ? A escolha da cremação obedeceu a essa lógica. E mesmo em sua imensa modéstia você virou a rainha indisputada de uma casa em que você estará presente na ausência.. Nós dois naquela sala, na despedida. Fechei a porta para que não nos incomodassem. Eu queria te dizer uma coisa que eu nunca te disse, , mas imagino que você sentisse. Te amo, .

Três tremores e um salto

11/05/2007

Hemingway foi uma paixão literária minha de juventude. Nele li, em Por Quem os Sinos Dobram, uma frase que jamais esqueci. Uma mulher velha dizia a uma jovem apaixonada que a terra treme apenas três vezes na vida. Treme pelo amor. Leio agora em Norman Mailer, um discípulo de Hemingway, uma reflexão que vai nessa linha. Só que não são três tremores de terra, mas apenas um. Uma mulher diz para o namorado, sobre outro homem: “Shago foi o único homem que conheci capaz de fazer uma coisa dar saltos dentro de mim quando entrava numa sala. Não sei se vou voltar a sentir isso. Acho que uma mulher só sente isso com um homem na vida.” Vocês. Quantas vezes a terra tremeu para vocês? Ou quantas vezes alguém fez uma coisa dar saltos dentro de vocês?

Lugarzinho

10/05/2007

Gosto daquele filme. Você sabe qual. Aquele em que os dois amantes se despedem no aeroporto. Uma frase dele para ela pertence à história do cinema, pela intensidade apaixonada e pela beleza suave e melancólica: “Sempre haverá Paris para nós”. Paris. Lá, na Paris agora tão longe dos dois, os amantes tinham vivido dias de amor glorioso. Para nós dois seria exagero dizer que sempre haverá Paris. Mas que importa Paris?

Para nós haverá sempre aquele lugarzinho. Você sabe qual. Aquele restaurantezinho perto da praia. Quer dizer, não tão perto assim. Ele poderia ser à beira da praia, mas não é. Não dá para ver o mar, e nem para ouvi-lo, mas de alguma forma a gente se sente como num majestoso palácio oceânico naquele lugarzinho modesto que sempre haverá para nós dois.

Vejo-nos ali na mesa. Os garçons ao nosso redor. Eles parecem conhecer bem a clientela. Um deles pára alguns minutos diante de um casal, e a impressão que se tem é que são velhos amigos que, depois de um tempo distantes, colocam os assuntos em dia. Esse tipo de situação faz daquele restaurante um lugarzinho.

Lugarzinho significa especial. Nós dois na mesa perto da calçada. Parecemos em busca de alguma coisa, e não é de comida, ainda que estejamos num restaurante e à nossa frente haja uma grande mesa com saladas, massas e carnes variadas para as pessoas se servirem. Acho que estamos em busca de nós mesmos. Porque nós nos perdemos de nós mesmos. E então tentamos nos reencontrar naquele lugarzinho que sempre haverá para nós. Conseguiremos? Quanto a mim, tudo que sei é que vou tentar. No Gita, Krishna diz a Arjuna para não pensar no resultado de suas ações, e simplesmente realizá-las uma vez consolidada a convicção. Gosto disso. Fazer o que deve ser feito, sem me importar com o sucesso ou o fracasso. Apenas faça, ouviu Arjuna. A Nike usou Krishna em sua propaganda. Just do it. Apenas faça.

Estamos cerimoniosos no lugarzinho. É curioso. A intimidade se constrói em muito tempo, mas se destrói numa rapidez furiosa. Duas pessoas que durante anos fizeram sexo com volúpia de tantas formas se comportam como estranhas ao se reencontrar dias depois da separação. A intimidade dos amantes morre instantaneamente com o adeus.

Onde nos perdemos? Quando? Nos reencontraremos?

Deus, tantas perguntas. O lugarzinho. O lugarzinho perto e longe do mar, o lugarzinho em que pessoas simples como nós vão comer com sua família nos finais de semana, e no qual os garçons conversam com os fregueses como se fossem camaradas. Aquele lugarzinho vai ser nosso ponto secreto. Mesmo que nossa busca de nós próprios fracasse. Mesmo que esqueçamos até o telefone um do outro. Mesmo que viremos estranhos. Mesmo assim.

Aquele lugarzinho será para sempre capaz da magia de nos unir. Vai ser assim. Um dia alguma coisa vai me empurrar para o lugarzinho. Saudade? Teimosia? Curiosidade? Não sei. Alguma coisa me levará lá. E naquela mesa perto da calçada o acaso vai deixar uma cadeira vaga, à espera de que eu sente diante da luminosa presença e beleza que irradiam de você.

“Só saio dessa cama quando …”

10/05/2007

Roma. Falei outro dia da série Roma, e do como os romanos eram mestres na arte de fazer amor.

E me esqueci de uma grande cena que simboliza isso. Marco Antônio, o grande general que ganhou Cleópatra mas perdeu Roma para o rival Otávio, está numa cama. Acabara de acordar. E diz, com absoluta naturalidade : “Só vou sair dessa cama depois de trepar”. Ficou na minha cabeça essa frase. Muitas vezes tenho vontade de pronunciá-la. A vida é quase bela quando o dia se inicia com uma cópula.

Masturbação cansa?

10/05/2007

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Vejo Lady Francisco numa das últimas edições da revista Quem. Ri na hora que li a entrevista e estou rindo agora ao me lembrar dela. Lady Francisco diz que nunca teve orgasmo. E que desistiu do sexo há muito tempo. Afirma não sentir falta nenhuma. Fala também que um médico recomendou que ela se masturbasse uma vez por dia. Ela não seguiu o médico, por considerar a recomendação “muito cansativa”. Um contraste total com a história – que li em algum lugar, ou ouvi — de uma executiva que todo dia saía de sua sala para se acariciar no banheiro da empresa. Era, segundo ela, uma forma de meditação. Voltava recarregada para o trabalho duro que a esperava.

A professora de ioga

04/05/2007

Leio na Criativa que está na moda, em Nova York, ioga sem roupa. Foram abertas academias de ioga em que se usa apenas o colchonete e nada mais. Vejo uma foto: uma mulher gostosa (a professora) e vários homens. E então entendo. Mulheres certamente espertas estão atraindo homens que se imaginam espertos. Serão mesmo professoras de ioga? Sei lá. Alguém da nossa comunidade que faça ioga nos responda, por favor: há sentido em praticá-la pelado ou pelada?