Revejo Gatsby. O Gatsby do grande F. S. Fitzgerald. Ele vai atrás de seu amor da mocidade, Daisy, uma das mulheres mais deslumbrantes e mais cÃnicas da história da literatura. Gatsby, com sua patética e sublime “prontidão romântica”, para usar as palavras de Fitzgerald, encontra não seu amor perdido, mas a hipocrisia traiçoeira, fatal e frÃvola de uma mulher movida pelo dinheiro. Sei lá. Fico aqui pensando. Pensando na estranha beleza das desesperadas jornadas pela paixão passada, como a de Gatsby, um dos personagens literários mais amados e admirados por mim. Me pergunto se ele iria ao encontro de Daisy, tantos anos depois, se soubesse o que o aguardava. E tendo a achar que sim. As palavras finais do livro me perturbam ainda hoje: estamos sempre remando contra a corrente, sempre, sempre, sempre.