Archive for Junho, 2007

Alguém tem a receita?

28/06/2007

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Alguém tem conselhos a dar? Aceito. Num campo específico. O que fazer, no campo prático, quando você está com a consciência atormentada por ter tratado com tanto desleixo
alguém que você amou tanto? Quem já passou por isso e superou: qual a receita?

Certas Pessoas

26/06/2007

Vejo um quadro numa parede casa. Melhor: umas palavras emolduradas. Uma espécie de poema. Está em inglês. Um dia me pediram para traduzir, e usei um papelzinho tosco que está ali num cantinho do quadro.. A essência era o seguinte: certas pessoas passam pela nova vida por um breve período, mas deixam marcas tão fortes que nunca, jamais seremos os mesmos. O impacto dessas pessoas é tão formidável que passamos a ver o sol, a lua, tudo de outra maneira, e para sempre. Penso aqui comigo, em minhas reflexões de escritor barato, que existe outra classe de pessoas: aquelas que passam por um longo período na nossa vida, e deixam marcas ainda maiores do que as que estiveram conosco por breve tempo, e talvez a gente só perceba essa diferença quando não há mais nada por fazer.
Faz sentido o que eu falei, ou estou ficando louco?

Ninguém olha mais pra mim? Parte 2

25/06/2007

Ninguém olha mais pra mim? Parte 2

Gosto muito de ver os comentários sobre textos meus. De alguma forma a complexidade, a diversidade do ser humano estão expressas ali. Quando falei da angústia, num livro de Milan Kundera (que não é a Insustentável Leveza do Ser), da mulher ao se dar conta de que não fazia mais os homens virarem a cabeça, as diferentes reações me chamaram a atenção. Ira, em algumas mulheres que viram ali um manifesto machista. Não, não sou macho caricato clássico. Não assovio, não olho para trás, e a aparência hollywoodiana definitivamentes não é requisito para mim. Enxergo charme, para citar um exemplo, em olhos míopes corrigidos por óculos: ar de professorinha, aura de delicadeza e ternura. Ou numa silhueta acima do peso: vejo aí maciez para receber colo nas horas duras. Rugas podem ser o sinal de uma mulher guerreira, alguém que conhece o caminho, e por tudo isso fascinante.

Mas gostei, acima de tudo, da maturidade de certas mulheres ao tratar do tema. Uma como que deu um alerta: tudo é breve, tudo é rápido, tudo se desfaz. Aceitar isso, em vez de lutar contra ou negar, é sinal de sabedoria. Outra disse que a perda de algo na aparência que levava os homens a assoviar é um estímulo para caprichar nas, como direi?, “coisas reais”, sejam interiores ou exteriores. Pois são elas, “as coisas reais”, que no fundo têm valor genuíno.

Uma mulher me disse, de viva voz, algo que me tocou como uma demonstração aguda de sabedoria: se nós mesmos não assoviamos para nós, se nós mesmos não encontramos coisas legais em nós, interiores ou exteriores, a maior aclamação do mundo não servirá para muito.

Amor que se prende morre

25/06/2007

Encontro um velho amigo. Percebo depois por que nos damos tão bem. Ele é razão, pragmatismo, planejamento, embora guarde um espaço na alma para um lado sentimental. Eu sou emoção, intuição, risco, embora guarde um espaço na alma para um lado racional. Conversamos. Ele me fala de uma canção que ouviu uma única vez, canção tão profundamente filosófica e poética que gravou a letra instantaneamente. Queria compartilhar com nossa comunidade uns trechos:

“Eu tinha quase tudo, uma poesoa e uma canção
E uma vida pra jogar
Joguei no amor, tão grande,
Que pensei nunca acabar
A canção, a poesia, mais a vida por guardar

Quer voar, a gente solta
Olha, não demora muito
Pra gente esperar a volta

Vai, enquanto é dia
Anda, vai ser feliz”

Um momento inteiro de júbilo

25/06/2007

Dostoievski. Como o amei, Deus. Lia Dostoievski com devoção. Nos romances de Dostoievski há uma simpatia total pelos “humilhados e ofendidos”, e eu me sentia, de alguma forma, um “humilhado e ofendido”. Meu livro predileto de Dostoievski é Noites Brancas, pequenininho, romântico, escrito quando ele era jovem. Estou com Noites Brancas agora nas mãos, e fui direto ao final, a parte que mais me comoveu. É um livro vital em minha formação: como que definiu meu padrão de ver e viver o amor. Sublinhou em mim a beleza incomparável do grande amor perdido. Olhando para trás, é como se a partir de Noites Brancas eu me dedicasse a procurar não o amor, mas o amor perdido. A diferença é que em Dostoievski o amor perdido tinha um caráter quase sempre platônico, e preciso admitir que minha imaginação sempre foi fértil, às vezes exageradamente fértil, e nada platônica, no campo do sexo.

No final de que eu falava, o narrador, aspirante a escritor, vê sua amada, Nástienka, partir rumo a um homem bem mais interessante que ele, e diz: “Erguer uma nuvem escura sobre sua felicidade clara e serena; levar tristeza ao seu coração, acusa-lo e faze-lo amargar um remorso secreto, obrigando-o a bater tristemente num momento de júbilo; pisar uma só das flores ternas que adornarão suas madeixas negras quando for com ele ao altar … Oh, nunca, nunca! Que seja claro o seu céu, que seja luminoso e sereno o seu lindo sorriso; abençoada seja você pelo momento de júbilo e felicidade que concedeu a um coração agradecido.

Meus Deus! ! Não será isso o bastante para uma vida inteira?”

Ninguém olha mais para mim

22/06/2007

Lembro um livro de Milan Kundera. O título me foge e, para ser sincero, o enredo também. Mas uma passagem que jamais me saiu da cabeça. É a dor de uma mulher que sempre fora atraente e provocadora no dia em que, pela primeira vez, um grupo de homens que sempre assoviavam quando ela passava fica em silêncio indiferente. O choque de perceber que deixara de ser uma mulher que fazia os homens olharem para trás. E que não havia nada capaz de mudar isso. Sempre existe esta hora em que nosso mundo desmorona. A única escolha que temos é aceitar ou nos revoltarmos. E me pergunto se há coisa mais fascinante para uma mulher do que atrair assovios de homens na rua. Talvez, imagino, muitas não se dêem conta do tamanho dessa homenagem masculina às vezes tosca e grosseira. E só percebam a grandeza do tributo no dia em que o silêncio substituí o frêmito.

O casal mais ridículo do ano

22/06/2007

Vamos fazer uma enquête? Meu voto: Siri e Alemão.

Você preencheu todos os meus céus

18/06/2007

Há uma música antiga. Ela me comove. É uma canção de despedida. Sou um cara de alguma forma obcecado pelas despedidas. Imagino que nasci para o adeus, e é possível que mesmo sem perceber tenha estimulado situações que levariam ao fim. As despedidas nos remetem aos lugares mais sublimes e mais profundos da alma. Elas ao mesmo tempo nos rebaixam e nos elevam, nos subtraem e nos multiplicam. Elas misturam glória e miséria, e não existe combinação mais de acordo com a essência do ser humano do que essa. Glória e miséria. Somos glória e somos miséria.

É uma canção simples, aquela da qual eu falava, como costumam ser simples as melodias do adeus. Braços que se desenlaçam em despedidas supremas, escreveu Eça de Queiroz. Quando eu era jovem, e sonhava escrever os livros que jamais escrevi, em produzir uma biblioteca com romances meus que nunca saíram da imaginação, eu dizia que quando era jovem eu lia os clássicos com uma caneta na mão para anotar as frases que mais me tocavam. Braços que desenlaçam em despedidas supremas foi uma dessas frases. Quantas vezes vivi esse desenlaçamento, Deus.

Agora mesmo: mais uma.

Mas eu estava falando da música. É uma parceria de Ringo Starr com George Harrison, num disco de 1973, três anos depois do fim dos Beatles. Chama-se Me and You, Babe. Quando meus braços se desenlaçam em despedidas supremas, esta é uma canção que me ocorre sempre. Há uma parceria linda na música: a voz anasaladamente infantil de Ringo com a guitarra chorosa como eu de George.

Canto na minha mente essa canção agora, em que ela e eu nos despedimos. A verdade é que não sou o cara mais agradável do mundo. Um escritor que sonhava construir uma pirâmide, e dela não fez sequer os fundamentos. Um cara depressivo, melancólico. Ou foi assim que me descreveu alguém, que se lembro era um pesquisador ou uma pesquisadora, ao ler textos meus na revista VIP. Ela. Ela merece alguém mais interessante. Alguém que a faça rir quando fui tão bom em fazê-la chorar. O destino de um escritor barato é a solidão, ele e sua obra que jamais será feita, e eu devo cumprir esse destino com coragem estóica.

Mas a música. It’s time that we part, afirma. É tempo de partida para nós. Depois a música fala que os dois talvez possam se reencontrar no futuro. E a frase final, a de que mais gosto: me dê um sorriso se você gostou do espetáculo.

Eu dou. Eu dou o maior sorriso que o mundo já conheceu. Porque, para mim, você foi um espetáculo soberbo, único, incomparável. Amis. Martin Amis, o escritor inglês. Dele li um romance lançado há pouco. Dois irmãos e uma mulher no meio. Ao descrever no final o irmão morto, o narrador diz uma coisa mais ou menos assim. Ter você como irmão foi como ter 100 irmãos. Você preencheu todos os céus.

Você. Você, de quem eu nunca disse o nome. Você, Lu.

Ter tido você foi como ter tido 100 mulheres, tal sua grandeza épica como mulher. .

Você, Lu.

A atriz e o sexo casual

14/06/2007

Gosto do digg.com. Um dos meus sites favoritos. As pessoas enviam textos que leram em algum lugar e gostaram. A comunidade avalia e coloca em destaque os textos que despertaram mais interesse. Acabei de entrar. O artigo mais lido de hoje é sobre a atriz Jessica Alba. Numa entrevista à Cosmopolitan, célebre revista feminina americana, Jessica defendeu o sexo casual. One night stand, como se diz em inglês. “Gosto de dormir com caras diferentes”, diz ela. Um requisito especial para você chegar à cama de Jessica é você cair fora pela manhã. “Não acho que mulheres que gostam de sexo sejam piranhas”, disse Jessica. Considero o grande índice de leitura obtido por Jéssica em suas confissões à Cosmo e me pergunto: do que as pessoas gostam mais, de ler sobre sexo ou de praticar?

O homem jovem e eu

14/06/2007

Vejo alguns comentários nas novas confissões de um jovem que vem traçando uma professora madura de castelhano. Algumas pessoas dizem que sou eu mesmo que escrevi o texto. Sou um escritor barato, é verdade. Mas escrevo tão mal quanto o jovem pegador?

Inteligência atrai inteligência?

14/06/2007

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Depois de muitos anos, releio, com vagar e prazer, o romance Contraponto, de Aldous Huxley. Muitas passagens me chamam a atenção. Huxley tinha malícia, ironia, profundidade, e transmitia tudo isso a seus personagens. Num trecho, uma mulher casada, provocativa e flertadora diz a um homem – ao qual oferece a vista poderosa de um pedaço dos seios pelo decote ousado — mais ou menos o seguinte: “Uma pessoa inteligente não se casa com outra pessoa inteligente. Veja, por exemplo, meu caso. Meu marido vive reclamando que sou inteligente demais.” É uma frase que faz pensar. Não sei se é uma frase genial ou idiota. E você, que acha?

Fantasia versus realidade

14/06/2007

Um grande escritor dizia que a melhor orgia na vida real não se iguala a uma página literária de pornografia. A ficção, alegava ele, vem livre, depurada das imperfeições da realidade. Ninguém, na fantasia, tem mau cheiro, ou mau hálito, ou tantas outras inconveniências que existem no mundo como ele é. Conversa de escritor, para quem a ficção é sempre superior à realidade, ou verdade inegável? Quem já experimentou ambos talvez possa responder.

Ou você trai ou é traído

14/06/2007

Nelson Rodrigues, o maior frasista do Brasil, está na capa da revista Bravo. Dele lembro de muitas frases provocadoras, insistentes, repetidas exaustivamente em seus textos. Uma delas: no amor, ou você trai ou é traído.

A escolha é sua, portanto. Ou não?

Orgasmo ou promoção?

12/06/2007

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Li numa revista feminina, se não me engano a Criativa, que a maioria das mulheres optariam por uma promoção, se tivessem que escolher entre isso e uma noite de sexo maravilhoso. Faz sentido? Me pareceu tão … materialista a escolha. Queria ouvir as mulheres da nossa comunidade sobre esse tema.

Os gemidos da Sharapova

12/06/2007

Minha televisão fica ligada o tempo todo em Roland Garros. Maria Sharapova infelizmente foi derrotada. As adversárias reclamam dos gemidos – técnica de respiração, na verdade – que ela emite nos jogos. Gemidos que são quase berros. Os homens, claro, apreciam. Me ocorre que uma boa maneira de uma mulher conquistar um homem é leva-lo a uma quadra de tênis e praticar a técnica respiratória de Sharapova.

Os gemidos da Sharapova

12/06/2007

Minha televisão fica ligada o tempo todo em Roland Garros. Maria Sharapova infelizmente foi derrotada. As adversárias reclamam dos gemidos – técnica de respiração, na verdade – que ela emite nos jogos. Gemidos que são quase berros. Os homens, claro, apreciam. Me ocorre que uma boa maneira de uma mulher conquistar um homem é leva-lo a uma quadra de tênis e praticar a técnica respiratória de Sharapova.

Maternidade versus trabalho

12/06/2007

Uma colunista da revista Época Negócios fala sobre a onda de mulheres americanas que deixaram o emprego para cuidar de seus filhos. Há uma pressão invisível da sociedade para que as mães estejam mais perto das crianças. E as empresas não são flexíveis o suficiente para que mulheres consigam equilíbrio entre os papéis de mãe e trabalhadora. No Brasil o mesmo fenômeno começa a acontecer. Não dá para ser boa mãe e boa funcionária ao mesmo tempo? Minha parece que a resposta, numa era tão demandante, tão exigente, é não. E você, que acha?

Quatro meses não é nada?

05/06/2007

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Gisele Bundchen, leio na Folha de hoje, defende o aborto. Sem problemas. Muita gente é a favor, muita gente é contra. Há argumentos consistentes para ambos os lados. Acho apenas que opiniões desinformadas não ajudam no debate. Ela diz – pelo menos é que está no jornal, e é preciso dizer que jornalistas são loucos para errar informação — que até quatro meses o que está na mulher não é “quase nada”. Gisele faltou às aulas de biologia. Mas por favor, amigas e amigos: é maldade defini-la como loira burra.

Novas confissões de um homem jovem

05/06/2007

Recebo mais uma mensagem do garoto que está namorando com a professora de espanhol que poderia ser sua mãe. Por entender que ajuda no debate tão momentoso, transcrevo suas palavras:

“Não estou entendendo por que me atacam tanto. Forneço orgasmos múltiplos a uma mulher quase ressecada em matéria de prazer por conta de um casamento desgastado – e em vez de ser saudado recebo pauladas? Os presentes que recebo – ontem ganhei um blazer Armani –, o dinheiro que, mesmo sendo pouco para ela (200, 300 reais por semana), é muito para mim – essas coisas me tornam um ser humano repulsivo? Dou e ganho, ambos lucram: não é esta a essência de uma relação saudável? Adoro livros. Gostaria de ser escritor, como o Fabio Hernandez. Só posso comprar livros com o dinheiro de minha velha musa. Há algo de imoral nisso? Penso às vezes no marido dela, admito. Um leitor notou com razão, num comentário sobre minha história, que quando me casar posso ser eu vítima da mesma coisa. Posso mesmo. Por isso vou cuidar bem da amada que levar ao altar. Não vou fazer como o marido dela, que mantém um apartamento para uma menina do Bahamas. Minha professora me contou, e seus olhos estavam úmidos ao falar do assunto. Peço um pouco mais de respeito, por favor. Para dar prazer a uma coroa – ouvi essa expressão do meu pai, e adorei – me esforço demais. Tudo funciona em mim mais naturalmente – do ponto de vista sexual – quando tenho a meu lado na cama uma jovenzinha de carne macia. Seios firmes, olhos inocentes, rosto liso e fresco. Não há um aspecto generoso em minha história? Vi pelos comentários que muitas coroas guardam recordações quentes de garotões como eu. Existe presente melhor do que grandes lembranças? Elas não dão sentido à vida? Forneço portanto não só orgasmos como recordações. Recuerdos, como me ensinou minha namorada. Mais respeito, por favor. Gracias. Muchas gracias.”

Confissões de um homem jovem

01/06/2007

Recebi de um homem jovem um relato que passo adiante por entender que enriquece o nosso debate sobre relacionamentos de mulheres maduras com garotões.

“Tenho lido a discussão em seu blog sobre mulheres mais velhas e homens jovens. Decidi narrar meu caso. Talvez ajude no debate. Tenho 21 anos, e namoro há dois com uma mulher incrível de 44. Ela é casada com um executivo, dá aula de espanhol num colégio rico e é mãe de três filhos. O sexo com ela é bom, embora – admito — nem tanto como com mulheres da minha idade. Você sabe. Aquele fogo que a mulher – e o homem – só tem aos 20, 20 e poucos. Mas ela me dá segurança, e quem não precisa disso? Me sinto numa posição de vantagem. É como se ela precisasse mais de mim do que eu dela. Para um cara jovem como eu, é relativamente fácil conquistar mulheres de mais idade. Os maridos cuidam mal. Mas não é tão fácil, para uma mulher mais velha, conseguir caras como eu. Gosto, confesso, do ciúme que provoco nela. E não que eu seja interesseiro: mas como gosto das demonstrações freqüentes de gentileza. Ela sempre me dá bons presentes, e de vez em quando me dá dinheiro para eu comprar o que queira. Meu papel é dar a ela bom sexo, e faço isso bem, acho. Capricho até nos gemidos. Também sempre digo que ela está linda. Tenho a impressão de que o marido dela não diz que ela é linda há muitos anos.”