Archive for Agosto, 2010

Abandonada pelo professor, a Senhorita Z procurou refúgio nos braços interesseiros de um sodomita

31/08/2010

Manu, nossa querida Manu, se apaixonou por um professor casado, vinte anos mais velho.

Ela se entregou, não foi correspondida e se ferrou.

Para complicar as coisas, buscou amparo mental e sexual nos braços de um pederasta que, como os gregos, preferiam a companhia viril de seus iguais num quase desprezo à aranha voraz de Manu. Mas aqui está ela, em seu apodo de Senhorita Z, espirituosa em sua prosa colorida, para fazer da semitragédia amorosa um relato de esperança agônica para xanízaras do mundo todo  …

Meu caro escritor barato!

Acuso, aqui dentro, uma necessidade de dividir com você novos fatos a respeito da minha tão complicada e linda história.

Tudo começa no final. O final daquele noivado de aparências, de conveniências e coincidências. Não poderia levar adiante um relacionamento que não tem proporções ao menos parecidas com o amor que eu experimentei nos braços do meu professor-pecado. Um final agonizante, cheio de dor, recheado de angústia e lágrimas infinitas. Um final digno de brigas novelescas, com presença policial e tudo. Barracos, na linguagem popular.

Não refeita desses traumas, mas movida por um sentimento de querência sem fim, procurei meu pecado mais doce. Contei a ele que os últimos 3 anos fui movida por esperança de reencontrá-lo. Vim recolhendo os pedaços do meu coração, por ele despedaçado. Expus-me, indecentemente.

O resultado? Ele de novo dividindo a mesma cama. O mais impressionante? O cheiro. Ah, que cheiro. O cheiro não mudou. Os cheiros não mudam. Aquele mesmo das minhas tardes de estudante. Aquele cheiro que tirava meu ar nos corredores da universidade. O cheiro da minha recordação mais bela. O cheiro que aguça minhas vontades mais vulcânicas. Explosão de cheiro, gozo, suor, amor.

Confesso que ao longo desse tempo, sempre que me deitava com alguém, era empurrada por um sentimento de vingança mesquinho. Como se eu quisesse fazê-lo afogar na minha satisfação sexual. Mas eu sempre colhi os frutos da minha vingança mal sucedida. Eu sempre paguei pelo gozo superficial do corpo, que dói na alma de amantes românticos, como eu.

Esse reencontro me fez repensar esses conceitos de sexo desprendido. Lembrei-me que foi dessa forma que o abordei. Com intenção de ter absolutamente nada. E vim parar aqui. Dessa forma. Fábio, sexo dói, de uma forma ou de outra. Dói de emoção. Dói de ódio. Só pessoas extremamente racionais discordam disso. Mas essas não vivem delicias de conhecer os movimentos da montanha-russa de sentimentos: explosivos como fogos de artifício, que descobrem o céu, e gélidos que nos levam tão ao fundo do poço que temos a surpresa de habitar o pólo sul.

Agora? Continuo vivendo de esperança. Esperança de que ele logo se decida por abandonar o lar e viver comigo. Sair da ilegalidade. Sentir aquele cheiro diariamente. Sentir a faísca da sua presença ao meu lado. Acender o corpo e o coração com cada sorriso que eu perco do seu dia-a-dia. Saber como ele faz a barba. Saber se ele fecha as gavetas empurrando com a perna. Conhecer o mau humor matutino e me despedir a cada saída pro trabalho. Assistir ao futebol, podendo gritar o nome dele e não precisar mais me esconder atrás dos túmulos do cemitério quando alguém, próximo a ele morrer. Como eu morro todos os dias sabendo que perdi mais uma chance de compartilhar tudo isso com meu pecado favorito.

A hora errada existe. E eu vivo furtivamente justamente por causa dela. Eu cheguei na hora errada. Atrasada. E pago por isso com as dores do amor clandestino.

Um beijo, meu querido escritor.

A Menina do Piercing na Língua

30/08/2010

Ela me empresta um livro do qual eu tinha ouvido falar com admiração. A Menina do Piercing na Língua. O Passado, romance de amor do argentino Alan Pauls. Eu tinha acabado de ler O Homem Comum, de Philip Roth, altamente depressivo. Gosto de Roth, gosto do erotismo requintado que brota de sua prosa, mas O Homem Comum é negativo demais.

Um cara de 71 anos vê seus amigos doentes, prestes a morrer ou já mortos, e ele mesmo reconhece o quanto sua vida foi patética. Mas gosto tanto de Roth que, ao contrário do que faria normalmente, fui até o fim. Fui fisgado pelo Passado imediatamente. Primeiro pela edição caprichada da editora, e até antes disso pelo bom gosto literário de quem me emprestou. Depois pela citação de dois pintores que admiro, austríacos e iconoclastas os dois, quase da mesma época (final do século 19, início do 20), Schiele e Klimt. Há em Schiele e Klimt um caos colorido, erótico, perturbador. Mulheres angulosas, despidas ou quase, sem vergonha dos pêlos, modelos que quase sempre foram amantes dos dois gênios, e que por meio deles alcançaram a imortalidade. Tenho uma reprodução de O Beijo, de Klimt, em meu quarto. Acordo com ela, e gosto disso.

Um trecho de O Passado me chama a atenção. O protagonista, apaixonado, não pensa na possibilidade de dormir com nenhuma outra mulher. Jamais fez isso. Ele conta isso para ela. Ela diz: “Eu fui pra cama com o Rafael”. Palavras do autor: “Então ele soube que, para algum dia deixar de amá-la, algo mais forte que outro homem, que outra mulher, algo tão desumano e cego quanto um desastre, uma queda de avião, um terremoto, teria de arranca-la de seu lado e extirpa-la de sua alma”.

Reflito um momento. Existe amor assim tão generoso e permissivo? A traição gera ódio e desejo obsessivo de vingança. Muitas vezes a pessoa finge perdoar, mas fica no fundo de sua alma um ódio que, cedo ou tarde, explode alguma forma. Não sei se existe mesmo amor tão lindo quanto o descrito por Pauls.

Chuto que não.

Os melhores anos da minha vida

28/08/2010

Há uma cena num romance de John Updike que me comove. Updike é um dos maiores romancistas contemporâneos, e seus livros têm sempre uma sexualidade intensa e elegante. Mas o trecho a que me refiro não tem nada de lascivo. É a morte de Harry Angstrom, o Coelho. Harry fora um astro do basquete universitário e levou as marcas disso até seu último dia. Ele jamais lidou bem com a idéia de que seus dias de celebridade tinham passado e que agora ele era um simples revendedor de carros japoneses. Acima do peso, colesterol alto, um casamento monótono como sermão de padre espanhol ou conversa de advogado. A morte como que o redime. Já na casa dos 60 anos, com o coração combalido, ele um dia está andando e vê alguém jogar basquete na rua, uma cena comum nos Estados Unidos. Ele não podia se esforçar, por causa do coração, mas entra no jogo. E morre. Na morte, ele afinal se reencontra com o que de melhor houve em sua vida. O basquete, os tempos jovens e sonhadores em que as coisas tinham um significado maior que vender carros da Toyota e arrastar um casamento enfadonho.

Júlio César, o imperador romano. Ele disse que a maior dádiva que os deus podem conceder a alguém é uma morte rápida. Os deuses a concederam ao Coelho, e como bônus lhe deram uma última cesta.

As lembranças mais potentes que carregamos são as da juventude. É quando temos coragem, embalamos sonhos, acreditamos em algo além de uma carteira cheia de dinheiro e cartões de crédito. O tempo nos tira a ousadia, a petulância, a fé cega que nos faz crer que nenhum obstáculo é intransponível, escreveu Cícero, o maior orador que a humanidade gerou.

Ao crescer, diminuímos.

As tentativas desesperadas de rejuvenescimento explicam-se nessa diminuição. O homem que faz implante de cabelo, ou se submete a uma cirurgia plástica para tirar rugas, ou passa a andar com mulheres bem mais jovens, ou engole Viagras, ou faz tudo isso e outras coisas mais, esse homem não busca a aparência perdida.

Ele busca, na verdade, a alma perdida. Ele procura, perplexo, a si próprio.

Foi o que fez Harry Angstrom ao correr atrás de uma bola de basquete que podia matá-lo. Uma bola gloriosamente, mortalmente redentora. Ao pensar em Harry e o basquete, me ocorrem o futebol e eu. Nada me fascinou tanto, na vida, como uma partida de futebol. Fui um pequeno astro na adolescência, mais ou menos como Harry. Uma contusão acabou aos 15 anos com meu sonho de ser jogador de futebol.
Desloquei o fêmur esquerdo. Epifisiólise. Jamais esqueci o nome técnico do mal que me tirou dos gramados que tanto amara. Lembro do cheiro da grama recém-cortada ou molhada como do perfume da mulher amada. Não sei se alguma desilusão amorosa, posteriormente, teve o mesmo impacto da dor de meu sonho infantil destruído. Durante um bom tempo, nem sequer ver futebol na televisão eu conseguia. Como doía, Deus, como doía. A bola para sempre perdida. Um sentimento de fracasso, impotência, melancolia. Desespero. Eu nascera para ser jogador, e aos 15 anos era como se minha vida tivesse perdido o rumo e o sentido.

Lembro meu último jogo na categoria para garotos. Mirim. Eu chegara ao limite da idade. Um empate nos classificava, mas uma falha do goleiro nos eliminou. No carro, a caminho de casa, meu pai me disse: “Você vai se lembrar desses anos como os melhores da sua vida”. Ainda agora parece que ouço, com clareza, suas palavras. Lembro o ponto exato da cidade em que ele disse cada sílaba. Logo depois disso, o fêmur me traiu.

Foram mesmo os melhores anos de minha vida.

Papai estava certo. Minhas fotos naquela época mostravam um menino loirinho, olhos arregalados e brilhantes como os de Natasha, uma bola sempre por perto. Nunca estivemos tão ligados, meu pai e eu, como naqueles dias de futebol. Me pergunto agora o que amei mais naquela época: a bola ou a intimidade intensa com meu pai? Oh God I miss him so much, o verso daquela canção tão bonita de Elton John e Bernie Taupin me ocorre agora ao pensar em meu pai. Talvez um dia, como aconteceu com Harry, apareça uma última e redentora bola na minha frente. Deus, como gostaria de repetir o gesto maravilhosamente irresponsável do velho Harry e chutá-la, uma última e definitiva vez, como o Coelho, e partir como ele depois de um fugaz reencontro com os melhores dias de minha vida, como o Coelho, nós dois que fomos jovens astros de esportes diferentes, e depois desabamos cruelmente, e para sempre, de nossas ilusões.

A veterana e o sexo com jovens

27/08/2010

Vi ontem a cena em que Miss Robinson seduz o jovem Benjamin em A Primeira Noite de um Homem.

Uma veterana e um garoto. Não era comum como hoje. Isto me trouxe à lembrança uma carta que recebi de uma amiga jornalista que, como Miss Robinson, gosta de derrubar jovens. A carta foi uma resposta a um texto em que eu dizia que era patético um casal em que a mulher parecesse mãe — às vezes avó — do cara.

O desabafo de minha velha amiga, que se não gostasse tanto de dar nas horas vagas poderia ter virado uma escritora:

Mulheres bonitas, sensuais e maduras despertam, sim, paixão em homens mais jovens e interessantes. E as cinqüentonas que já experimentaram na cama ou no chão o vigor selvagem de um rapaz no seu auge, entendem direitinho o entusiasmo de um amigo mais velho que de repente se deixa fisgar pelo frescor físico e mental de uma moça. Mesmo que, depois, venha o abandono.

Homens podem achar que não, mas mulheres conversam sobre pau. Pau grande, pequeno, grosso, fino, reto, torto. Falam dos paus que não precisam de manuseio nem de nenhum guindaste especial. Nem de álcool, nem de clima nem de Viagra. Homens que se excitam loucamente só de falar com você ao telefone, só de dizer oi, só de estar na sua frente, mesmo que ambos estejam completamente vestidos. Francamente, desculpem-me os coroas, isso não acontece com os homens mais velhos. Não acontece sobretudo com os maridos mais velhos nos longos casamentos.

Posso contar um segredo? Os homens que sentem urgência em levar uma mulher madura e inteira para cama não são os mais velhos. São os mais jovens. Os bonitos e inteligentes se sentem envaidecidos. Antes, por excesso de pudor ou autocrítica, muitas mulheres nem sequer ousavam. Agora, há quem experimente e recomende. Não para casar. Mas, para conhecer algo novo, surpreendente. Mesmo que seja uma roubada a longo prazo. Mesmo que ela se iluda achando que poderá manter o controle sobre os sentimentos.

É como aprender, depois dos 50 anos, a mergulhar de cilindro em águas transparentes ou se jogar num vôo de asa delta. Muda a respiração. A gravidade, o ambiente. Aceleram-se os batimentos cardíacos. O prazer ganha, por alguns momentos, uma outra dimensão. É efêmero, sim, e daí?

Se quisermos aprender com os gregos antigos sobre o assunto, é prudente recorrer a um discípulo de Sócrates, o filósofo hedonista Aristipo de Cirene (435 AC – 356 AC). Hedonismo vem do grego hedone – “prazer”. Na descrição da Wikipédia, o hedonismo é “a tendência a buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o que possa ser desagradável”. Mas, atenção mulheres, para o detalhe que faz toda a diferença: Cirene defendia um controle racional sobre o prazer para que não se desenvolvesse uma dependência perniciosa. Para que não nos tornássemos reféns incondicionais dos prazeres. Se você quiser experimentar, vá com calma, desfrute, aproveite, ensine, aprenda, leia a bula, evite overdose. Um rapaz no seu auge faz muito bem à pele, aos cabelos, e ao ego. É melhor do que todos esses cremes importados que prometem milagres.

Nesse nosso mundo onde tudo fenece e tudo perece

26/08/2010

por Zéfiro

Uma mulher me esperava no restaurante. Ela sempre chegava um pouco antes; eu sempre um pouco depois. Fazia muito tempo que não a via, mas certos hábitos jamais se alteram. Vi que ela folheava um livro, acomodada numa mesa para dois. Ela sempre tinha um livro à mão para a hipótese de eu demorar mais que o razoável. O livro que ela lia naquele momento, vi depois, era uma pequena biografia de Marcel Proust sobre a qual eu escrevera numa revista.

Era Mariza.
Ela estava de volta à cidade por uns dias para visitar a mãe. Mariza, depois que rompemos, conheceu uma fazendeiro de Mato Grosso. Logo se casaram e ela mudou para lá para viver seu novo amor bucólico.

“Tudo bem?”, perguntei.
“Graças a Deus.”
Rimos e o gelo se quebrou. Era uma piada particular nossa. Mariza é atéia. Ela jamais acreditou em Deus. Num certo momento, deixou de acreditar também em mim. Foi aí que nosso romance começou a terminar. Reencontros com amores passados servem para mostrar muita coisa. Mostram, por exemplo, como uma intimidade construída em anos pode ser dissolver instantaneamente com o rompimento. Você trata com cerimônia constrangida alguém com quem, até pouco antes, tinha a mais absoluta liberdade. Só falta a gente dar continência ao outro.

“A melhor coisa que você fez por mim, em muito tempo, foi indicar na revista este livro”, ela disse. “Sou realmente muito grata a você.” Era a Mariza de sempre, irônica, às vezes ferina mesmo num banal agradecimento pela indicação de um livro.

“Uma frase”, ela continuou. “Tem uma frase neste livro que talvez seja a mais linda que eu já li. E a mais triste também.” Ela me passou o livro aberto numa determinada página. Nessa página, uma sentença estava sublinhada. Mariza costuma sublinhar as frases de que mais gosta nos livros que lê. Eu tentei muitas vezes fazer o mesmo, mas minha falta de método jamais me permitiu consolidar esse hábito. Me impressionei ao saber que Vargas Llosa faz uma ficha de cada livro que lê. Pensei em copiá-lo, mas meu lado caótico me impediu.

Li a frase sublinhada por Mariza. Ela tinha razão. É uma das frases mais tristes que alguém já escreveu. Proust disse: “Nesse nosso mundo onde tudo fenece, tudo perece, há uma coisa que se deteriora, que se desfaz em pó até de forma mais completa, deixando para trás ainda menos traços de si do que a beleza: a saber, a dor”.

A dor. A dor da perda de um amor. A gente imagina que vai morrer sem ele. Como dói aquela ausência. Como dói a perspectiva de nunca mais ter nos braços alguém que a gente imaginava ao nosso lado para sempre. Nunca mais. E no entanto quando aquela dor torturadora se vai, vencida enfim pelo correr dos longos dias, o que sentimos não é alívio, mas vazio e frustração. É como se pensássemos: o grande amor exige uma dor eterna, um luto no coração até o último dia. Só que a dor, como disse Proust, dura ainda menos que a beleza.

Devolvi o livro a Mariza e trocamos de assuntos. O resto do almoço foi, quase todo, alegre. Lembramos certas passagens de nosso romance como na cena final de um dos meus filmes preferidos, Annie Hall, de Woody Allen, e rimos. Lembramos, por exemplo, o dia em que entramos por acaso numa festa de firma num bar do Terraço Itália e acabamos comendo mais, bebendo mais e rindo mais do que qualquer pessoa naquele salão. Lembramos a madrugada bêbada numa boate em que uma dama da noite recomendou compostura a Mariza. Quando Mariza ameaçou entrar em lembranças menos amenas, e delas extrair uma raiva que o tempo foi incapaz de mitigar, entendi que era a hora de pedir a conta. Certas histórias, é melhor não desenterrá-las, escreveu Shakespeare. Concordo.

E então nos despedimos. Sem drama. Ela refizera sua vida e eu a minha. Ela voltava para Mato Grosso e eu para minha rotina de escritor barato. Um novo e promissor capítulo amoroso se instalara na vida de Mariza, e a verdade é que meu coração voltara a bater rápido, bem rápido, por uma mulher. Já não doía como doera nem nela nem em mim, mas ali compreendi com clareza que a morte da dor amorosa também pode, de uma forma estranha, doer.

O Par Perfeito

26/08/2010

Zéfiro

Raras vezes vi uma discussão, neste blog, tão animada e tão criativa quanto esta que se travou em torno de, com todo o repeito, paus,  bucetas e sinônimos.

A posteridade terá aqui uma amostra das preocupações reais dos brasileiros em 2010, às vésperas das eleições presidenciais. Os ponteiros que marcam a audiência em meu painel de controle ganharam os ares. Fiz uma seleta dos comentários, até para registrar os frutos de um trabalho coletivo eletrizante.

# Eu gosto dos nomes iniciados com X…mas Ximbica tá mais pra apelido de criança do que pra parque de diversão!

# Perereca!!!

Adoro… E sempre que vejo uma menininha falando “Pererequinh” acho o máximo.

Apesar de que, minha mãe muito rígida, sempre me obrigou a falar Vagina…

# Perseguida é engraçado! Mas até agora IPhode e Hamburguer (MCLanche Feliz) são os melhores.

# BUCETA é BUCETA.

Não existe outra palavra melhor para isso, saca só a sonoridade … BU-CE-TA! Ela é tão boa, que a utilizamos como palavrão em algumas ocasiões! Vai me dizer que nunca ouviram?

# Dani Danoninho dando um banho de conhecimento sexual!!! rs.

# Mandou bem, Daniel! Buceta é uma dessas palavras definitivas. É a que vai melhor durante uma foda (cópula é selvagem, mas é tão científica…). Fabio, acho que seu blogue vais ser censurado. Espaço disponível para leitura só depois das 22h!

# desde pequena implico com xoxota, então criei uma variante: hipopótama hauhauhauhauhua

# Pau. É o que combina com buceta!
Falando sério (se é que dá…hahahaha), cada um tem que pensar num nome para a hora em que estiver f…

# PAU e BUCETA=par perfeito.

E +: METER é o verbo que esse par deve conjugar.

# Gosto também de meter. Ops, agora já foi…

# escutar um “me fode” da mulher … é capaz de deixar qq um louco!

# Veramente, mas é bom lembrar que ess frase pode ter dois efeitos… Já vi.

Entre Nós

25/08/2010

Uma aquarela de Monet

Uma passagem de um livro me comoveu. O livro se chama Entre Nós. São conversas de Philiip Roth com outros escritores. Roth, com sua exuberância estilística, com sua lubricidade refinada, com sua habilidade rara de ser profundo sem ser tedioso, é um dos meus escritores prediletos. O sexo governa sua obra. Seus personagens vivem e morrem pelo sexo. O sentido da vida, em Roth, é a cópula. (Uma vez escrevi um conto para a Playboy e o editor me solicitou, delicadamente, que trocasse a palavra cópula. Convenci-o a mantê-la com o argumento de que há alguma coisa de selvagem, primitivo em cópula.)

Antes que me esqueça. As conversas de Roth são uma formidável lição para quem faz entrevistas. O preparo dele (sabe tudo sobre a obra dos entrevistados), a agudeza das perguntas, a maneira como aproveita as respostas para seguir adiante. A maneira como demonstra sua admiração sem jamais ficar de joelhos e bajular. As escolas de jornalismo deveriam exigir que seus alunos lessem Entre Nós para aprender sobre a arte de entrevistar.

Mas a passagem de que falei. Ela vem de uma conversa de Roth com outro gênio, Isaac Bashevis Singer, de origem judaica sobre ele. São poucos os escritores tão exímios em contar histórias como Singer, já morto. Roth e Singer têm muito em comum além de serem judeus. Também o sexo governa o universo literário de Singer. Separa-os um Nobel, merecidamente conquistado por Singer e injustamente negado a Roth.

Você gosta de ler e quer recomendações? Compre o que puder desses dois, eu diria.

Singer nasceu na Polônia, onde a maior parte de sua obra é passada. De lá fugiu para os Estados Unidos antes que o nazismo fizesse estragos monstruosos. Conta com graça que, ao chegar à América, foi a uma festa em que imaginava que o idioma seria o iídiche. Ele não falava nada de inglês ainda. Mas. Mas só se conversou em inglês ali. A primeira palavra que ouviu e aprendeu, um tributo à frivolidade e à gula, foi “delicious”. Delicioso. O que se comia.

Roth pergunta a Singer, no trecho que me tocou, como ele conseguiu escrever de forma tão pungente sobre suas raízes depois de abandoná-las. Singer conta que logo que partiu a Polônia lhe parecia muito distante. Mas o tempo a trouxe para dentro dele. “Quando morre uma pessoa que é próxima a você, nas primeiras semanas depois da morte essa pessoa fica tão distante de você quanto é possível se estar; é só com o passar dos anos que ela se torna mais próxima, e aí chega um momento em que você está quase vivendo com ela. Foi o que aconteceu comigo. A Polônia, a vida judaica na Polônia, está mais próxima de mim agora do que estava naquela época.”

Esta a passagem que me impressionou.

Penso nas pessoas queridas que perdi, nos amigos a amores tragados no correr dos longos dias, e vejo o quanto – muito — que sobrevive deles no universo que existe dentro de mim

Breve Dicionário de Sinônimos Específicos – Parte 1 de (talvez) 2

25/08/2010

A Origem do Mundo, de Courbet

E eis que então se forma um consenso.

Fui mal em utilizar a palavra xoxota. Cafona, pelo que entendi. Quis ser delicado, e sofri a influência de um trecho de Os Normais que vi pouco antes de fazer o título polêmico. Para uso particular e não público, sem dúvida prefiro a palavra justa. Sem eufemismo.

Mas.

Mas recebi ajuda de quem mais entende do assunto: as donas. Particularmente, Red. Comovido, registro aqui dez sinônimos dos quais gostei. Sugestões estão abertas para uma Parte 2. Fui pretensioso como um francês, percebo agora, ao dizer que com 100 pedidos faria uma continuação do fracassado Dicionário Conciso Amoroso. Pois faço o ajuste e digo que se 150 pessoas solicitarem (e contribuírem com sugestões) volto aos sinônimos de algo que é tão belo, mas tão belo que sequer deus em toda a sua misericórdia diante dos homens seria capaz de criar.

1) Capô de Fusca.

2) Rata.

3) Perestróica.

4) Chavasca.

5) Ximbica.

6) Prexeca.

7) Matusquela.

8 ) Ayahuasca.

9) Chave de cadeia.

10) iPhode.

“Ninguém deve ter ciúme de um perdedor”

24/08/2010

“Bobagem o que o Fabio escreveu”, disse ela.
“Ele escreve muitas bobagens”, ele disse. “Mas a qual você se refere?”
“Aquela história de que só a dor produz a grande arte. E que a alegria produz bobos alegres.”
Ele riu. “Olha. O Fabio. Ele erra muito, mas aí ele acertou. Acertou no pleno.”
“Acertou no pleno?”
“Você nunca foi a um cassino?”, ele perguntou. “Acertar no pleno é acertar em cheio o número na roleta.”
“O jogo do Fabio é Texas Hold’em, não roleta”, ela disse.
“Então ele ganhou no all in”, ele disse. “O Fabio está certo quando diz que só a dor produz grande arte.”
“Você e ele. Vocês são dois pessimistas.”
“Não me compare a ele, por favor. Ele é um escritor barato. Eu sou sério. Um romancista publicado em vários países. Sofri demais para escrever os romances que escrevi. E além disso, segundo você mesma disse, sou um amante muito superior. Ou você estava mentindo para me agradar?”
“Sim, sim. Quer dizer, não, não. Não estava mentindo para agradar você. Sim, sim, vocês não se comparam. Entendeu?”
“Sim, sim. Ou não, não?”
“Bobo. Sobre a dor e a arte. Ele exagerou. Errou. O Lennon, por exemplo. O Lennon celebrou o amor e a vida”, ela disse.

“O Lennon? Ele era um atormentado. Ele era a prova de que só a dor produz arte. O Lennon. Ele nunca superou a perda da mãe. Ele dizia que tinha perdido a mãe duas vezes.”
“Não concordo. Ele escreveu All You Need is Love. Tudo que a gente precisa é amor. Amor, não sofrimento”, ela disse.
“A mãe. Ele disse que perdeu a mãe duas vezes. A primeira vez quando ela entregou o bebê para a irmã dela porque achava que não tinha como criar. A segunda quando ela retornou para ele. Ele tinha dezesseis, e ela morreu logo depois atropelada. Mother. É uma das interpretações mais desesperadas do rock. Tão pungente quanto Sid Vicious cantando My Way, ou Kurt Cobain cantando Where Did You Sleep Last Night.”
“Mas ele foi guiado pelo amor, não pela dor”, ela disse. “A música que ele escreveu para a mãe no Álbum Branco. É uma canção doce, uma canção de amor.”
“De amor? É uma canção de dor. Lembra o primeiro verso? Half of what I say is meaningless/But I say it just to reach you. Metade das coisas que digo não têm sentido, mas falo delas apenas para tentar alcançar você. A vida toda ele quis uma coisa, a mãe. E não teve. Não alcançou, para usar o verso dele mesmo.”
“Mas ele teve a Yoko”, ela disse. “O amor no fim triunfou.”

“A Yoko. A Yoko foi uma tentativa patética de encontrar a mãe. Aquela foto da Annie Leibowitz na capa da Rolling Stone. Ele em posição fetal do lado da Yoko. Deus, o John sempre procurou a mãe perdida, duas vezes perdida.”
“Half of what I say is meaningless/But I say it Just to reach you”, ela cantarolou em sua voz doce.
“Podia ter sido escrita para o Fabio”, ele disse. “Metade das coisas que ele escreve não tem sentido. A outra metade não presta.”
“Você não está dizendo isso por ciúme dele, está?”
“Ciúme daquele desajustado, daquele escritor barato, eu? Eu. Eu teria alguma razão para ter ciúme dele? Sei que você teve alguma coisa com ele, mas francamente, foi um ato insano seu. E você sabe disso. Ciúme eu?”
“Não”, ela disse. “Claro que não. Ninguém deve ter ciúme de um perdedor como o Fabio.”

Homens que se dão bem com mulheres: as 14 regras de ouro

24/08/2010

Pedro sempre se lembrava de uma frase que lera num Vargas Llosa. A cada livro novo que o personagem (inspirado no próprio Vargas Llosa, claro) trazia para casa, um outro era retirado. O mesmo com quadros. Vargas Llosa, como Pedro, era fascinado pela pintura provocadora e à frente de seu tempo de Egon Schielle. Pedro lera também num Llosa a técnica de fazer uma ficha sintética para cada livro lido. Achara uma ótima idéia, a ponto de recomendá-la a muita gente, mas jamais conseguira transformá-la num hábito. Os livros que lia e amava, bem, o que lembrava deles estava não em fichas mas em fragmentos de memórias. De Gatsby, um de seus favoritos, gostava de lembrar uma certa frase do narrador. Um grito de amor e desespero diante da queda de Jay Gatsby, adulado enquanto proporcionava as melhores festas da cidade. Gatsby conhecia o ocaso depois da opulência incensada e invejada, e ele dera uns passos rumo à escuridão depois de conversar com o narrador, com certeza inspirado no autor da história, Fitzgerald. Antes que ele desaparecesse da vista do narrador, este grita para ele: “Ei, Gatsby, você é melhor que todos os eles.”

Pedro não retirava de sua biblioteca um livro antigo a cada novo que chegava. Não tinha organização, não tinha método para isso. Mas de tempos em tempos fazia uma limpeza cultural ao fim da qual dava a quem se interessasse cem, duzentos livros. Numa dessas faxinas ele olhou para uma estante em que guardara livros de filosofia oriental. Numa fase de sua vida se encantara com a sabedoria oriental, do vedanta ao hinduísmo, do zen ao budismo. Do budismo guardara, para sempre, a essência de que a vida é sofrimento. Perdas, decepções. Impermanência. Precariedade. Como lidar com as adversidades – inevitáveis a todos os seres humanos – é a única coisa que nos distingue. Bravura na adversidade, eis a característica vital dos grandes homens e das grandes mulheres. Os melhores entre nós aceitam a vida como ela é, um “perpétuo vai-e-vém de elevações e quedas”, como escreveu Sêneca, o estóico. Pedro era fascinado pelo estoicismo, e se lembrava sempre da máxima dos estóicos: “Abstém-te e suporta”.

Na estante oriental ele encontrou um tratado sobre a arte de amor atribuído a um certo Vatsayana, um sábio indiano que se supõe ter vivido entre os séculos I e VI da era cristã. Aforismos sobre o Amor. O título original, em sânscrito, é Kama Sutra, e erroneamente muita gente pensa que é uma obra pornográfica.

Guardo ou entra na minha faxina?, pensou Pedro.

Era uma pergunta protocolar. Claro que guardaria. Pedro folheou o livro. Na página 123, viu a lista dos homens que têm sucesso com as mulheres, segundo Vatsayana. Pedro foi ponto a ponto na lista. Gostava de listas, e esta era instrutiva e divertida. Dão-se bem os seguintes homens, conforme escrito no livro:
1) os versados na ciência do amor;
2) os que têm habilidade para contar histórias;
3) os que conhecem as mulheres desde a infância;
4) os que conquistaram a confiança delas, mulheres;
5) os que lhes enviam presentes;
6) os que falam bem;
7) os que fazem coisas de que elas gostam;
8  ) os que nunca amaram outras mulheres;
9) os que conhecem seus pontos fracos;
10) os que gostam de festas;
11) os liberais;
12) os que são famosos por sua força;
13) os empreendedores e corajosos;
14) os que superam os demais homens em cultura, aparência, boas qualidades e generosidade.

Pedro devolveu o livro à prateleira de filososia oriental. Poucos livros são para guardar. Os Aforismos do Amor de Vatsayana, pensou ele, era um deles.

O sábio vive cada dia no amor como se fosse o último

23/08/2010

Minha primeira revista foi a Vip, da qual lembro com o afeto e a gratidão dedicados a coisas e pessoas que fizeram diferença na nossa vida, e para melhor. Fui colunista lá, sob o título de Homem Sincero. Uma vez participei de uma reportagem especial cujo tema eram os fracassos masculinos. Um amigo meu falou na primeira demissão. Ele recomendava às pessoas que se comportassem, no trabalho, com a lógica do samurai: cada dia pode ser o último. Sem paranóia, sem desespero, sem pânico. Apenas com realismo e serenidade. Quem está preparado para as dificuldades sofre menos com elas. Sêneca falava no perpétuo vai-e-vém de elevações e quedas, e eis uma frase que levo na alma. A gente pensa que os problemas só acontecem com os outros: morte, perda amorosa. E quando eles acontecem conosco, sem que os esperássemos, nossa aflição é enorme. Muitas vezes, maior que o próprio problema.

Ao reler sei lá por que o texto de meu amigo decidi me atrever aqui ao crime de plágio. Meu amigo haverá de me perdoar, quando menos por conta dos velhos tempos em que éramos camaradas de compartilhar sonhos, desilusões e tudo mais o que grandes amigos dividem. Vimos juntos A Mulher do Lado, Era uma vez na América e Corrida contra o Destino. Lemos ao mesmo tempo O Poder e a Glória, Fim de Caso e os Ensaios. Pego a lógica do samurai da qual ele falou profissionalmente e a transporto para o mundo amoroso. Acho que os que amam deveriam viver cada dia como se fosse o último. Até porque, como tudo, um dia isso vai acontecer. Ou porque um dos dois vai se cansar do outro, ou por morte, ou pelo que for. Nada é para sempre. Já ouviu All Things Must Pass, do George Harrison? Estou ouvindo agora. Sunrise doesn’t last all morning. O sol não se ergue toda a manhã.

Li um livro com um nome estranho. É de uma escritora escocesa, Muriel Spark. Memento mori, em latim, significa: lembre-se de que vai morrer. Um velhinho, ou uma velhinha, diz no romance que essa reflexão deveria ser feita diariamente pelos jovens. Quanto mais se medita sobre a morte, menos aterrorizadora ela nos parece. O santo tibetano Milarepa morava em cavernas no Tibete sempre próximas de cemitérios. Epicteto recomendava nunca se afastar da idéia da morte justamente para abrandar seu impacto e vivermos uma vida plena.

Morremos mil vezes do medo de morrer, disse Sêneca.

Memento mori. Lembrarmo-nos de que vamos morrer é um antídoto contra esse terror de cada minuto.

Sei perfeitamente que o que estou escrevendo soará bizarro no mundo de fantasia em que vivemos, em que a idéia da morte é ingenuamente negada, em cujos comerciais de TV somos todos jovens, bonitos e saudáveis sempre. E então volto ao campo das relações sentimentais. Viver cada dia como se fosse o último vai fazer você dizer hoje as coisas bonitas que tem para dizer a ela. Vai fazê-lo dar um beijo não automático nem monocórdio, mas intenso e definitivo. Vai fazer você comprar flores que há tanto tempo saíram do seu decrescente repertório de gentilezas.

Viver cada dia como se fosse o último vai fazer você dar o devido valor às pequenas coisas boas que os dois conquistaram juntos e também o devido valor às pequenas coisas ruins para as quais os dois atribuíram um tamanho desmedido.

Talvez faça você viver um eterno verão sentimental até que, e isso é inevitável, gostemos ou não, surja diante do casal o inverno cruel do nunca mais.

A tatuada e o sexo

22/08/2010

Curioso. Recebi, segundo as últimas pesquisas, 7 pedidos para fazer a parte 2 do Breve Dicionário Amoroso. Mas, em minha caixa postal secretamente localizada em Caimã, são já algumas centenas de leitores que reclamam a republicação de um ensaio sobre a tatuagem no delicado, maravilhoso, convidativo, belo em sua enorme diversidade corpo feminino.

POR QUE UMA TATUAGEM impressiona tanto?
Melhor: por que ainda impressiona tanto?
Lisbeth Salander é a explicação do maior fenômeno literário dos últimos anos, a chamada trilogia Millenium, do sueco Stieg Larsson. Um jornalista esforçado e limitado, Larsson já perto dos 50 anos começou a escrever nas horas vagas — madrugadas, basicamente — livros de crime, conectados como A Comédia Humana, de Balzac. Terminou três. Um quarto ficou no meio do caminho. Pouco antes do lançamento do primeiro, ele morreu de infarto ao subir uma escada. Fumava e tomava café em grande quantidade, como todo repórter que se prezasse de sua geração. A trilogia virou o que virou. Mais de 20 milhões de exemplares vendidos no mundo. O primeiro livro, A Garota com Tatuagem de Dragão, já foi transformado em filme.

Sem Lisbeth Salander, a personagem central dos romances ao lado de um jornalista inspirado no próprio Larsson, o livro provavelmente se limitaria à Suécia, ou talvez nem isso. Com ela, virou uma sensação global. A tatuagem de dragão nas costas é a maior marca de Lisbeth. Ela tem alguns piercings, também. Só usa preto e, embora heterossexual, pode dormir com outras garotas, como é moda hoje nos rocks das aranhas, como cantou Raul Seixas.

Tatuagem de dragão nas costas é algo que fascinava Larsson a ponto de colocar uma em sua criação. Enfeitiçou também o jornalista do romance, que embora tenha idade para ser pai de Lisbeth sente por ela uma atração nem um pouco paternal. E finalmente milhões de leitores em todo o mundo foram laçados pela tatuagem.

Nos dias de hoje, uma tatuagem deveria ser tão banal quanto um pastel na feira. Mas não. A mulher tatuada é cobiçada pelo homem até como personagem de romance policial. Uma tatuagem confere à mulher poder sexual. Uma tatuagem no corpo feminino leva o homem a sonhar, a divagar, a especular. A querer entender, decifrar, sorver a mensagem. Se ela tem um dragão nas costas, como Lisbeth Salander, o que não fará no sexo? O piercing na vagina pode parecer excessivo. Um grito. Uma demonstração de egolatria sexual. Histeria erótica. A tatuagem não. Ela excita sem o risco de perturbar pelo excesso. Sua dona parece chamar o sexo sem berrar por ele.

O homem enxerga na tatuada possibilidades interessantes no sexo. Na fantasia masculina, a tatuada está insinuando aos machos do universo, triunfal como Napoleão ao roubar a amada Quadriga dos alemães depois de conquistar Berlim: “Posso tudo e deixo tudo!”

O Primeiro Amor

21/08/2010

Tio Fábio, Deus o tenha, foi um homem sábio do interior. Uma vez ele me viu aflito com uma pilha caótica de livros que eu tinha na cabeceira. Tanta coisa para ler, tão pouco tempo: esse é o motivo da minha aflição, expliquei a tio Fábio. Na próxima vez que o encontrei ele me passou uma citação de Sêneca, o grande filósofo romano de quase 2000 anos atrás. Tenho-a até hoje. “Uma profusão de leitura sobrecarrega o espírito, mas não o ilustra. É melhor se aplicar num pequeno número de autores do que vagar no meio de muitos.” (Adiante, conforme me contou tio Fábio, Sêneca quase louvou o célebre incêndio da biblioteca de Alexandria, considerado pela visão convencional como um dos maiores desastres culturais da humanidade. Sêneca qualificou a biblioteca queimada como um exemplo de “orgia de literatura”. Tio Fábio gostava de Sêneca porque admirava gente que pensa diferente. Herdei essa admiração. Uma das razões pelas quais falo tanto de tio Fábio é que ele pensa diferente.)

Agora confesso que esqueci por que falei em Sêneca e no esforço inútil despendido em letras inúteis. Ah, lembrei. É que no esforço de seguir o romano genial eu passei a me concentrar em alguns autores, não numa infinidade. E tirei de minha vista a montanha de livros que me trazia tanta ansiedade. Entre as minhas poucas e boas constantes leituras estão dois escritores “espirituais”. Um deles é o monge católico Thomas Merton, já morto. O outro é o monge zen Thich Nhat Hanh, um vietnamita que ergueu uma comunidade budista num lugar retirado na França.

Citei ambos porque, em livros que escreveram, eles trataram de um assunto que é único, vital, indelevelmente marcante na vida de um homem: o primeiro amor. É quando descobrimos que não somos mais crianças. É quando descobrimos que existem outros prazeres além da bola de futebol ou do videogame. E é quando descobrimos também o quanto a alegria está conectada com a tristeza. O quanto a euforia está próxima da angústia. Um telefone que toca com a voz de quem você deseja ouvir. É então o êxtase. Um telefone que teima em ficar cruelmente silencioso. Você é um antes do primeiro amor. E outro depois. Os beijos. O adeus. (E então me ocorre aquela linda canção chamada Crying Game, que deu nome ao filme com o mesmo nome. “First there are kisses/ Then there are sighs/ And then before you know where you are/ You’re saying goodbye”. Primeiro os beijos, depois os suspiros, e antes que você saiba onde está, já está dizendo adeus, mais ou menos isso numa tradução livre. A gravação de Crying Game por Boy George é estupenda.

Merton, em sua autobiografia, nota algo que eu nunca tinha pensado. Somos tão jovens, tão frágeis, quando aparece pela primeira vez em nossa vida aquela onda avassaladora, o primeiro amor. Tanto impacto e somos tão indefesos. Merton se apaixonou antes de virar monge. Thich Nhat Hanh, num pequeno livro chamado Cultivando a Mente de Amor, confessa a paixão que o tomou quando, jovem monge, conheceu uma monja. Ele diz que decidiu falar desse amor para ajudar os outros monges que por acaso enfrentem a mesma situação. Transcrevo um texto que Thich Nhat Hanh fala do objeto de seu amor: “O comportamento dela como monja era perfeito – a forma de se mover, de olhar, de falar. Ela era tranqüila. Jamais dizia alguma coisa, a menos que lhe perguntassem”. (Eis, segundo meu amigo Thunder, que recentemente adotou uma barba hemingwayana, a fórmula da mulher perfeita. A que só fala quando lhe pedem para falar. Thunder é um cínico amoroso.) Mais adiante o monge budista compara seu amor a uma tempestade pela qual ela e ele tinham sido apanhados sem saber como. E também sem saber como escapar.

Ele aconselha a gente a pensar, tempos depois, no primeiro amor. Vamos notar coisas que não percebemos na ocasião. É o que faço agora. Deus, que tempestade. O vestido verde e a blusinha amarela da festa em que começamos a namorar. Os cabelos negros, a tez morena, os olhos verdes. A menina mais bonita da cidade. Afastei-a de mim porque não suportava me sentir tão pequeno. Quanto tempo demorei para entender meu comportamento destrutivo. A tempestade do primeiro amor. Fui apanhado por ela, e poderia ter me deixado levar por suas águas copiosas e deslumbrantes, mas não tive força para fazer outra coisa que não fosse fugir. Fugi de tudo. Até de mim mesmo.

Os papagaios amorosos

20/08/2010

Um poeta português disse que as cartas de amor são ridículas. Mas mais ridículo ainda é não escrever cartas de amor. Tenho um acréscimo à voz do poeta: algumas cartas de amor ultrapassam os limites do ridículo. São pomposas, verborrágicas, exageradas. A grande carta de amor é necessariamente simples e objetiva. Assim como a grande declaração de amor. A simplicidade é bela ao falar e ao escrever. Uma pessoa afetada na forma de se comunicar com as demais é afetada em outras esferas. “A verdade tem que falar uma linguagem simples, sem artifícios”, escreveu um filósofo. O amor também. Isto é, se for verdadeiro.

As virtudes da economia ao se expressar têm notáveis exemplos históricos. Conta-se que os embaixadores de uma cidade grega tentavam convencer o rei de Esparta a aderir a uma esforço de guerra. O espartano deixou-os falar longamente. Depois disse: “Não lembro do começo nem do meio da argumentação de vocês. Quanto à conclusão, simplesmente não me interessa”. Num outro caso, dois arquitetos atenienses disputavam a honra de construir um grande edifício. A platéia à qual cabia a escolha ouviu um extenso discurso do primeiro arquiteto. As pessoas já se inclinavam por ele quando o segundo disse apenas: “Senhores atenienses, o que este acaba de dizer eu vou fazer”. Para Sêneca, “nos grandes arroubos da eloqüência há mais ruído que sentido”.

Os espartanos serão eternamente reverenciados pela simplicidade com que viviam e se expressavam. Uma vez perguntaram a uma autoridade de Esparta por que os espartanos não colocavam por escrito as regras da valentia para que os jovens pudessem lê-las. A resposta foi que os espartanos queriam acostumar seus jovens aos feitos e não às palavras. “O mundo é apenas tagarelice e nunca vi homem que não dissesse antes mais do que menos do que devia”, escreveu Montaigne. (Realmente sinto que estou exagerando nas citações. Deus, pareço um almanaque. Mas olho para trás e tento cortar algumas citações, e não consigo, não por mérito meu, mas dos donos das frases. Dá para deletar a seguinte reflexão de Plutarco? Disse ele: “A palavra expõe-nos, como nos ensina o divino Platão, aos mais pesados castigos que deuses e homens podem infligir. Mas o silêncio jamais tem contas a dar. Não só não causa sede como confere um traço de nobreza”.

Também no amor, há mais “ruído que sentido” nas frases espalhafatosas ditas ou escritas. A mais genuína, a mais poderosa declaração de amor é, muitas vezes, o olhar silencioso, o gesto mudo, e, no entanto, estamos quase sempre inclinados a berrar nossa paixão. Na cama, sobretudo, trava-se muitas vezes uma competição para ver quem gritar mais alto, um torneio de gemidos geralmente insinceros e ensurdecedores que cada parceiro acredita, numa mistura de ignorância e ingenuidade, serem excitantes. O berro amoroso incomoda o ouvido e dificilmente chega ao coração. E provoca não orgasmos maravilhosos, não maratonas sexuais inacreditáveis, mas simplesmente sede.

Meu amigo Marcão

19/08/2010

E então leio uma notícia no jornal.

Um seriado de tevê em que um dos personagens principais é um jornalista que se matou. Lembro dele. Ou melhor, me lembro do nome, lido em artigos e expedientes de revista. Ele se atirou, se não me engano. Recordo também as palavras bonitas e comovedoras pronunciadas sobre ele quando morreu. Era tido como um estilista. Me vem à cabeça um ensaio de Montaigne, que outro dia reli no fragor de um momento de tristeza. “A morte mais bela é a voluntária”, escreveu Montaigne. E eu que tinha aberto Montaigne em busca de luz e calor. Lol. Montaigne citou os vários sábios que se mataram. Um deles era Zenon, fundador da escola estóica, uma influência tão grande em Montaigne. Resigna-te e suporta, este o inspirador lema dos estóicos. Zenon, segundo relatos, disse uma frase enigmática. “Aqui me tens”. E se enforcou.

Uma das aberturas mais lindas de artigo que vi na minha vida dizia respeito a um suicídio. Era uma capa da New York, e tratava da morte de um mulher da sociedade. Começava mais ou menos assim: ela era linda, jovem, brilhante, bem sucedida, amada, vigorosa. Tinha enfim todos os atributos que deveriam impedir alguém de se atirar da janela de um arranha-céu mas nunca impedem.

Um suicídio perto de nós nos assombra a vida inteira como um pesadelo intermitente. Ele não está com você o tempo todo, mas reaparece em certos momentos. Marco. O Marcão. Tanto tempo atrás. O Marcão. Ele era jovem, bonito, rico, inteligente, amado pelas mulheres e admirado pelos amigos, entre um quais um candidato a escritor. Cabelo ruivo, pele sardenta, olhos claros e tristonhos. O Marcão. Tinha todas as qualidades que deveriam evitar que alguém apontasse o revólver contra a própria boca e fizesse uma pressão desesperada com o dedo no gatilho, mas tudo aquilo no Marcão foi insuficiente para deter seu dedo. O Marcão. Como ele teria envelhecido? Que marcas teriam feito a ele a longa caminhada nessa terra de beleza miserável? Penso agora. A imagem que se congelou no tempo do Marcão é tão bonita que … sei lá o quê.

Um suicídio perto de nós e de nossos afetos é um pesadelo intermitente em nossa vida. Não aparece todo dia, mas jamais some por completo. Tinha que ser acompanhado por uma música este meu texto. Tão triste e tão linda. All The Youg Dudes, David Bowie. Todos os chapas, amigos. Carregam a notícia da morte por suicídio de um amigo. Este mais ou menos o sentido da letra. All The Young Dudes. Sinto falta dos meus young dudes. Sei lá. Me ocorre. Que. Se o cara antes de se jogar no ar ou de apertar o gatilho pensasse nisso, na dor de intermitência eterna que provoca nos que o amam, talvez menos gente se matasse. Mas sei lá. Não gostaria que isso soasse como uma censura póstuma ao Marcão. E então me ocorre Bob Marley. Every little thing is gonna be alright. Tudo vai dar certo. Não se preocupe com nada.

Um alerta para os homens que fazem amor

18/08/2010

"MEU ERRO FOI TER PEDIDO PARA PENETRAR"

Reproduzo aqui um comentário de Emanuelle, a fogosa Manu, porque pode ser de imensa valia para a nação masculina.

Sempre achei essa expressaõ “fazer amor” meio, digamos, desempolgadora.
Eis que a mocinha aqui, toda linda, arruma um cara MARAVILHOSO para sair.
MARAVILHOSO MESMO! Lindo, rico, bem vestido, cheiroso, inteligente, bem sucedido, alto, moreno, cabelinho moderno e MUITO, MUITO, MUITO EDUCADO.
Quando as coisas esqeuntaram ele me fez o convite que eu tanto queria receber (claro que, vindo de um cara educado, veio muiiiiiito tempo depois que me despertou a vontade… Ele, digamos, me respeitou por muito tmepo, rs.): “Princesa, vamos fazer amor?”.
Dica: quando uma coisa te desagrada de cara, não tente consertar o erro do outro. Por mais que o cara seja maravilhoso. Ele um fora broxante, não dê segunda chance. Eu sempre me estrepei com isso.
Eis que, num surto psicótico, eu aceito o convite formalmente feito.

Ká, minha querida… Se fosse um cara, com as características fisícas dele, da cara feia, chato, pobre e que morasse longe, teria pegado fogo em nossa cama!! Mas com o educadinho em questão… Bem…

Eu não sei quanto a você, mas eu gosto de movimento! rs. Uma coisa mais… JUMP!

Eis que ele me pediu permissão pra tirar minha blusa, permissão pra tirar minha saia, permissão pra tirar minha minha meia-calça, permissão pra tirar meu sapato, permissão pra soltar meus cabelos, permissão pra… pra… pra… (pra ficar bonitinho) me penetrar…

Agora, quando ele me pediu DESCULPAS num desencaixe (sabe quando vc mexe, ou sai fora do lugar e desencaixa sem querer??? pois é…) eu desisti.

Fingi atender o telefone, fiquei abismada com a notícia do meu avô no hospital e dei o fora o mais rápido que pude… Até hoje meu avô está em coma (uns 4 anos mais ou menos). Ainda tenho desculpa para quando ele me liga e pergunta: “Quando vamos terminar o que começamos?”.

Fiiii… Já era!!!

Segunda chance??? Never more!!!

“O prazer é momentâneo, a posição é ridícula e a despesa, condenável”

18/08/2010

Uma obra de Jeff Koons

Hora de dormir. Escolho um entre os vários livros que estou lendo. Férias de Natal, de Somerset Maughan. Bom entretenimento. Maughan era um contador de histórias notável. Tinha o “Mal Inglês”, na definição pitoresca de Tio Fabio. Era pederasta.

No romance, passado quando a União Soviética parecia florescente, Simon é um jovem inglês devotado à causa comunista. Despreza o modo de vida burguês. Me fixo numa passagem, e paro por uns momentos para refletir. Simon diz para seu amigo Charley, um ingênuo: “Chesterfield disse a palavra definitiva a respeito das relações sexuais: o prazer é momentâneo, a posição é ridícula e a despesa, condenável.”

Chesterfield foi um político e pensador inglês do século XVII. Grande frasista. Uma de suas melhores tiradas diz respeito aos homens e à moda. “É um absurdo um homem se preocupar com as roupas que vai vestir, mas mais absurdo ainda é não se preocupar”, disse ele. No que diz respeito ao sexo, ele não foi original. Marco Aurélio, o imperador filósofo dos romanos, disse coisa parecida. Sexo, segundo Marco Aurélio, é troca de fluidos em posição ridícula.

Fecho o livro e os olhos. Penso por um instante na posição do amor, e me vejo na dúvida sobre se é ridícula ou não. Rio comigo mesmo, e tento dormir.

Stendhal, Machado de Assis e Fabio Hernandez

17/08/2010

E então eu estava meio desapontado com os cinco pedidos para a parte 2 do Dicionário Conciso Amoroso quando dei com o prólogo de Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Copio e colo sem maiores considerações porque é tudo autoexplicativo.
“QUE STENDHAL confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, cousa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinqüenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez? Talvez cinco.”

Esquecemos os que amamos, mas não esquecemos os que traímos

17/08/2010

Ouvi no meu iPod o tema de Era Uma vez na América, o grande filme de Sergio Leone, o gênio italiano do cinema. O autor do tema é Enio Morricone, outro gênio italiano. É uma melodia que me comove, e simplesmente lembrar do filme me faz suspirar fundo. Leone foi o mestre, o inovador dos focos dramáticos em rostos dos personagens, sobretudo olhos, sob o som sublime dos temas de Morricone.

Para mim, Leone foi um caso de amor à primeira vista, ou semivista. Vi, em Ribeirão Preto, Quando Explode a Vingança, de Leone, a história de dois amigos improváveis, um bandoleiro mexicano e um terrorista irlandês, durante uma tentativa de revolução popular no México. Era a última sessão de cinema, e como é linda e triste essa expressão, última sessão de cinema, e eu dormi a maior parte do tempo. O que vi, porém, foi suficiente para eu sair daquele cinema de Ribeirão outro cara.

Vi Era uma vez na América, a obra magna de Leone, pela primeira vez numa cópia precária na qual prolongados minutos não tinham som. Fui arrebatado. A cena final. O reencontro entre dois amigos, muitos anos depois. Eles tinham se amado tanto na juventude. Eram amigos como Montaigne define a amizade, uma união entre duas almas tão perfeita que você sequer nota a costura. Compartilharam coisas que criam laços poderosos entre homens: cresceram juntos, aprenderam a beber e a amar mulheres juntos, começaram a carreira – de ganguesteres – juntos.

Não foi um reencontro feliz. Um deles, o personagem interpretado por Robert de Niro, fora traído. O traidor fingiu que morreu num assalto feito pela quadrilha que ambos comandavam. Levou o dinheiro todo, deixou o amigo com a tristeza imensa de uma morte que não acontecera afinal, e ainda surrupiou a mulher devotadamente amada pelo homem enganado. O traidor (James Woods) olha para o grande amigo com a esperança de que a memória do tempo em que se amavam tanto dissipe a mágoa, a desilusão, a dor aguda e penetrante da traição. Não. E então a câmara dá um foco perturbador, e eis Leone no seu prime time, no rosto, nos olhos, na expressão de de Niro, sob a melodia tristemente bela de Enio Morricone. “Uma vez conheci um cara, e ele era o melhor amigo que alguém poderia ter”, diz o homem traído. “Mas ele morreu.” E ele vai embora.

Tantas vezes, com mulheres ou com amigos, como amigos ou como amantes, traímos alguém e, como o personagem de James Woods, esperamos pelo milagre do perdão, como se o que fizemos para destruir coisas como fé, confiança pudesse ser amortecido ou mesmo neutralizado sei lá pelo quê.

Mas é um esforço vão, e vão, e vão. A vida nos impõe preço para tudo, para cada um dos nossos atos, e não há como regatear. Um dos preços mais altos, como viu o amigo infiel de Era Uma vez na América, é aquele que pagamos por trair quem um dia acreditou, confiou em nós. Na verdade dificilmente perdoamos a nós mesmos nestas situações. E então me ocorre uma frase de Graham Greene, meu romancista amado. “Esquecemos os que os que amamos, mas não esquecemos os que traímos.”

Cabemos numa Kombi!

16/08/2010

Peço a todos que mantenham esta informação em sigilo, porque as editoras de livros que me fizeram propostas descomunais para publicar o projeto “O Amor de A a Z” poderiam ficar desanimadas.

Mas é o seguinte.

Disse que daria mais uma volta no alfabeto amoroso se recebesse 100 solicitações. Valia até copiar e colar. Mais fácil, só colar em prova de professor cego.

Pois chegamos a 5. Cabemos numa kombi.

Comentei com minha Tia Zete, que com sua franqueza brutal disse, tomando goles imensos de seu vinho inseparável, que 5 foi demais.

Pedi uma taça a ela, emborquei o vinho barato e concordei.