Archive for Julho, 2010

O autor das letras do projeto “O Amor de A a Z segundo o Homem Sincero”

31/07/2010

Quem é o autor das letras que tenho usado em nosso projeto do pequeno e conciso dicionário amoroso?

Muitas pessoas têm me ligado, com uma certa aflição, para fazer essa pergunta. Bem,o autor é um dos grafiteiros mais quentes do mundo, Ben Eine. É o baldman acima, à frente de uma de suas criações.

Eine, 39 anos, londrino, é de uma geração de grafiteiros, ou artistas de rua, que tem no recluso Banksy, também de Londres, seu sumo-sacerdote. Eine ganhou súbita notoriedade, estes dias, quando o primeiro-ministro britânico, numa visita a Washington, deu a Barack Obama um quadro seu. A escolha fora da mulher do primeiro-ministro, admiradora de sua trabalho.

Eine é um artista de rua, antes e acima de tudo. Diz que é movido pelo desejo de oferecer a pessoas que giram pelas ruas de Londres alguma coisa de novo e fugaz na paisagem. Daí nasce sua arte de rua. Passou a pintar quadros depois de ser detido várias vezes por vandalismo e ter desconfiado que o juiz já não teria alternativa senão prendê-lo. Não iria parar de pintar e, se as ruas tinham se tornado perigosas, as telas eram um substituto aceitável.

Tem três filhos, e vai ficar mais fácil pagar as contas da família agora que Obama tem um quadro seu.

Um escritor barato tinha mesmo que encontrar um artista de rua: é o destino.

“H” é de Homens que Fingem: O Amor de A a Z

31/07/2010

“H” é de Homens que Fingem

Mais uma letra vencida em nosso breve dicionário amoroso. Homens, os eternos fingidores. E como pagamos por isso, amigas e amigos, como pagamos por isso ao sacrificar prazeres como comer pedaços de pizza fria depois de jornadas memoráveis de sexo que provocam um sentimento de fome atávida, instintiva, brutal  …

“As mulheres são sinceras. Nós é que somos os eternos mentirosos. E pagamos por isso. Mentimos (ou ao menos omitimos) que queremos ficar ao lado delas depois de totalmente saciados, quando, na verdade, queremos ligar a TV e ver os gols da rodada ou ir à cozinha comer um pedaço de pizza fria. Talvez seja hora de falarmos com a franqueza peculiar ao sexo frágil. Elas nos pedem que compreendamos seu tempo sexual. Nós compreendemos. Elas nos pedem que olhemos seu interior. Nós olhamos. Elas nos pedem que dividamos com elas a preocupação com a gravidez. Nós dividimos. Quero viver meu fastio pós-coito, meu pessoal e intransferível pós-coito, em paz. É meu singelo pedido.”

“G” é de Gozos e Prazeres Tóxicos: o Amor de A a Z segundo o Homem Sincero

30/07/2010


“G” é de Gozos e Prazeres Tóxicos

Em nossa alucinante cavalgada amorosa chegamos a “G”, de Gozos e Prazeres Tóxicos. Ah, os amores neuróticos, que ilusão eles trazem. O sexo frenético parece infindável, mas o tempo vai mostrando que eterna mesma neles é a guerra...

“Há uma patologia psicológica que talvez explique a duração prolongada de namoros ou casamentos já arruinados: o sofrimento pode viciar tanto quanto chocolate ou cigarro. Entra aí o paradoxo do êxtase no suplício, uma filigrana mental tão sutil que só de pensar em descrever me vem um sentimento invencível de preguiça. E existe um fator físico poderoso: o sexo. Quanto mais tóxica a relação, melhor aparentemente o sexo. Horas incessantes de inferno são substituídas por momentos fugidios de glória sexual. A mulher que ainda há pouco agredia você em palavras e às vezes em gestos suplica por tapas, às vezes pancadas. Parece fantástico. Mas um segundo olhar mostra que, passada a ilusão do deslumbramento erótico, o sexo que emerge de uma relação tóxica é, ele também, tóxico.”

“F” é de Ficção e Realidade sobre as Preliminares: O Amor de A a Z

30/07/2010

“F” é de Ficção e Realidade sobre as Preliminares

Não poderíamos avançar mais em nosso dicionário conciso amoroso sem nos determos numa questão que provoca debates inflamados: as preliminares…

“Acho as preliminares – tais como são hoje, intermináveis – uma conquista feminina e uma derrota masculina. Naqueles dez, quinze, vinte minutos de contorcionismo de corpos, dedos e línguas, nós homens estamos escravizados pela idéia de agradá-las. É mentalmente extenuante. Você está com a língua ali onde você imagina mesmo, mas sua cabeça está tomada pela dúvida sobre se ela está gostando ou não. É claro que pagamos um preço pela exaustão psicológica. Às vezes, depois de dar a ela prazer, não obtemos nossa cota por falência de força.

O homem foi feito para chegar, penetrar e vencer. As mulheres menos egoístas entendem que as ações e as recompensas anteriores ao sexo competem, basicamente, a elas mesmas. Elas têm mãos, têm vibradores e, mais que tudo, têm imaginação para não nos impor uma obra servil. Podemos ficar ao lado e pacientemente esperar, talvez lendo um bom livro ou até, se isso for estimulante para ela, observando-a. Mas estou falando de um olhar contemplativo, em que não haja dispêndio de energia física ou mental. Um olhar bovino, em suma.”

“E” é de “Elas e seu Bailado Incessante Depois do Êxtase”: O Amor de A a Z segundo o Homem Sincero

29/07/2010

E é de “Elas e seu Bailado Incessante Depois do Êxtase”

E então estamos na letra “E” do nosso projeto de um dicionário conciso amoroso e sexual. Depois do êxtase a paz enfim, ainda que por alguns minutos antes que o desejo nos torne guerreiros sexuais mais uma vez? Não, não é o que elas pensam …

“Para nós, homens, parece nonsense o bailado feminino depois da cópula. Não entendemos como elas conseguem permanecer passarinhando ao nosso redor, esfregando seus pezinhos frios na nossa canela e beijando nossa orelha, se não há nenhum motivo gritante para isso. Já não cumprimos nossa missão, passo a passo – caprichamos nas preliminares, olhamos por dentro delas, usamos devidamente a camisinha contra gravidez e doenças? Elas já não estão coradas e felizes? Que mais esperam de nós, depois de tamanha explosão de energia? Não entendo. Há entre um orgasmo e outro um breve momento de indiferença gloriosa. É breve, mas existe. Depois do sexo, estamos fartos, cheios até a boca, boiando no torpor de nossos egos inflados e hormônios sedados, orgulhosos de nós mesmos e completamente indiferentes a ela – ou a tudo.”

D é de “Dois Amorosos Isolados Numa Multidão”: O Amor de A a Z segundo o Homem Sincero

28/07/2010


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D é de Dois Amorosos Isolados Numa Multidão

E então estamos na letra D em nosso dicionário conciso amoroso. D de dois, dois que são um mundo em si, com sua linguagem própria, costumes específicos e prazeres únicos, inenarráveis, extraídos entre gemidos que fazem mesmo um preguiçoso subir no Everest da volúpia insana …

“Todo grande amor exige um código, uma senha particular e intransferível, algo que pertença apenas ao casal. Significa intimidade, cumplicidade.  Isola duas pessoas numa multidão. Um amor sem código é como uma praia sem banhista, ou um romance policial com fim previsível. Não deixa lembranças que aquecem e iluminam noites frias e escuras. É uma daquelas pequenas coisas que fazem um grande amor. Em Proust, Swann cantarolava um trecho de uma música, e Odete já sabia que horas de amor sôfrego estavam por vir. Em Fitzgerald, Dayse acendia uma luz em sua casa, e Gatsby sabia que ela o estava chamando. O casal apaixonado é criativo. Inventa nomes, trejeitos, olhares, gestos como a luz acesa de Dayse ou a música de Swann. Quando as tolices sublimes de um código são esquecidas é porque o amor acabou.”

C é de “Conquista Amorosa”: O Amor de A a Z segundo o Homem Sincero

27/07/2010

E então chegamos à letra C de nosso projeto “De A a Z do Amor”. “C” é de conquista amorosa.  Não uma conquista qualquer, mas a conquista ardilosa, aquela pela qual a mulher, fingindo submeter-se aos caprichos sexuais do seu homem, na verdade o subjuga como se fosse Alexandra Magna.

C é de Conquista Amorosa

“A mais nobre ação de uma mulher amorosa está em perceber o que interessa a seu homem e ajustar-se a isso. É um ato em que a mulher se dá, e ao mesmo tempo ganha com isso. Ganha um amante ardoroso, reconhecido, pouco disposto a investir em outras mulheres. A fêmea que finge escravizar-se a seu macho conquista, na verdade, um escravo. Foi assim que Cleópatra arrebatou César e Marco Antônio. Foi assim que Helena de Tróia derrubou Páris e Menelau.”

B é de Beijo: “O amor de A a Z segundo o Homem Sincero”

27/07/2010

E ENTÃO, dando o segundo passo no Projeto “O Amor de A a Z”,  uma pequena coleção de aforismos amorosos, chegamos a “b”. Fácil. Beijo. Se ele é bom, as possibilidades são ilimitadas. Se não, pode esquecer. Bye bye, so long farewell, como diz em seu inglês castiço e afetado de BBC dos anos 30 minha amiga Constanza.


B é de Beijo

“Tenho no meu quarto uma reprodução de um quadro de Klimt chamado O Beijo. Está bem na frente da minha cama. Gosto de acordar com aquela imagem estranhamente grandiosa ao alcance de meus olhos míopes de escritor barato. Os pés descalços da moça, o porte majestoso do homem, as pequenas e coloridas flores do campo. Beijo. Não existe nada mais íntimo, nada que aproxime mais duas pessoas que um beijo. Nem o sexo. Mil cópulas não valem um grande beijo.”


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O amor de A a Z segundo o Homem Sincero

26/07/2010

Tenho recebido centenas de emails com um mesmo pedido. Que reproduza meus aforismos amorosos. Há algum reconhecimento pelo que eu possa ter escrito de bom ou razoável, e existe também uma certa preguiça em muita gente de consultar meus textos antigos.  Vários leitores coincidiram numa sugestão: fazer o “O Amor de A a Z  segundo o Homem Sincero”.  Para ser preciso, 731 pessoas  sugeriram essa espécie de Dicionário Perfeito do Amor. Fá-lo-ei, como dizia minha avó Cotinha, Deus a tenha, uma boa velha cujo maior excesso era tomar guaraná impróprio para sua diabete. Um verbete por vez. Duas editoras souberam desse projeto e me ofereceram uma cifra de jogador de futebol, mas recusei porque não posso trair minha essência de escritor barato.  Críticas e sugestões são bens vindas. Tuítes, retuítes, compartilhamentos no Facebook podem dar dimensão global a um projeto fundamentalmente humilde.

A é de Afinidade Amorosa

“A questão amorosa me traz muitas dúvidas e poucas certezas. Melhor: cada vez mais dúvidas e cada vez menos certezas. Uma dessas é que, para dar certo com uma mulher, você tem que amar basicamente as mesmas coisas. Vou adiante. O ideal é que os dois também detestem basicamente as mesas coisas. O resto é fantasia. Pensar que quando duas pessoas diferentes se juntam uma vai acabar mudando a outra é de uma ingenuidade comovente.”

As percepções versus as realidades no sexo

26/07/2010

Aos 70 os homens ainda acham que têm amor para dar

Engraçado como no sexo as coisas são exatamente o que parecem ser.  Um artigo no site americano The Daily Beast compilou uma série de pesquisas sobre hábitos sexuais.  Aqui está o link. Vou adiantar algumas das principais conclusões para os debates:

a) Você acha que pessoas que bebem e fumam fazem mais sexo que as demais? Acha mesmo? Pois é exatamente isso. Bebida é afrodisíaco e cigarro, embora não seja, revela que a pessoa é mais propensa a correr riscos.  Quem fuma e bebe é 200% sexualmente mais ativo do quem não faz nenhuma das duas coisas.

b) Todo mundo é levado a crer que quem frequenta missas faz menos sexo que os ausentes. Pois uma pesquisa mostra que é isso mesmo. Carolas têm 31% menos sexo que os demais.  O sentimento religioso de culpa inibe o desejo.

c) Você pensa que negros são mais ativos que brancos? Hahaha. São mesmo. Um estudo mostra que ele fazem sexo com uma frequência 8% maior.

d) O pensamento convencional diz que artistas e poetas são mais abertos sexualmente. Pois então. Fique sabendo que são mesmo. Uma pesquisa mostrou que artistas e poeta têm 233% a mais de parceiros sexuais que os demais ao longo da vida.

e) Homens com 70 anos são mais ativos que as mulheres de 70. É a impressão que temos todos, não é? Pois bem. É a realidade. Os setentões, segundo um estudo, são 215% mais ativos sexualmente que as setentonas.  A menopausa faz as mulheres se sentir fisicamente feias, ao passo que os velhotes ainda acham que têm algum amor a dar.

A regra de ouro é livrar os que amamos de nós

25/07/2010

Estou lendo um novo livro do Le Carré, A Most Wanted Man. Gosto dele, um dos maiores escritores dos últimos 50 anos. O Espião que Saiu do Frio é uma obra-prima, um retrato pungente, dramático, brilhante da Guerra Fria, na qual por pouco não viramos pó todos nós, terráqueos.

Mas o que mais me perturbou foi a epígrafe do livro.

Friedrich Von Hugel: não sei onde Le Carré foi buscar esse misto de filósofo e teólogo nascido na Alemanha. Mas foi. Talvez porque o romance seja ambientado na Alemanha e tenha um conteúdo religioso forte — a questão islâmica.

A frase hugeliana que me chacoalhou: “A regra de ouro na vida é fazer com os que amamos se livrem de nós”.

Transporte isso para o terreno amoroso. Fazemos mesmo mal a quem amamos. Isto é fato. Se não os livramos de nossa presença não é por magnanimidade e sim por egoísmo.

A sentença de Hugel incomoda tanto por uma razão: por ser verdadeira.

O dinheiro ou a potência?

24/07/2010

Le Grand Nu, de Modigliani (1919)

“Andei pensando”, diz Thunder com sua voz estentórea a Pedro. “Sobre o dilema sinistro de Henry, personagem de Philip Roth em O Avesso da Vida: a virilidade ou a morte?”
“É um tema fascinante”, diz Pedro.

Henry tem que fazer sua escolha. Tem um problema no coração que o obriga a tomar um remédio que o fez impotente, logo ele, um escravo dos sentidos.
A alternativa é uma cirurgia com boas chances de matá-lo.
Que fazer?

“Penso em mim”, diz Thunder. “Se me coubesse a escolha, optaria pelo risco da cirurgia. A impotência é uma morte em vida. Uma agonia servida em gotas. Não poder entrar numa mulher que se oferece a você. É completamente contra a natureza. Vê-la em sua nudez esplêndida e não ter nada a fazer. Prefiro o pelotão de fuzilamento. Mil vezes ser um mendigo potente do que um milionário impotente.”
“A vida vai além do sexo”, diz Pedro. “O sexo é uma ilusão escravizadora. Marco Aurélio, o rei-filósofo, disse em suas Meditações que o sexo é uma mistura de fluidos de duas pessoas em posição ridícula.”
“Devia ser broxa ele”, diz Thunder, sem nenhuma consideração para com o monarca que simbolizou o sonho de Platão de um governante sábio. “Pessoas com nome duplo são muitas vezes esquisitas.”

Pedro sabia que não havia base científica nenhuma para as palavras de Thunder sobre pessoas de nome duplo como Marco Aurélio, mas sabia também que era impossível tirar algo de sua cabeça imensa e teimosa, nos últimos tempos adornada com uma barba hemingwayana.
“O homem sábio domina o sexo, e não é dominado por ele”, diz Pedro.
“Você precisa parar de ler literatura oriental”, diz Thunder. “Essa história de om, meditação transcendental, ioga. Tudo bobagem. Felicidade é você poder entrar numa mulher bela e infelicidade é não poder. Basicamente isso. O milionário impotente. Quanto ele daria de sua fortuna por uma noite de sexo?”

Ocorreu a Pedro que o Henry de Roth daria a vida. Mas lhe ocorreu também uma dúvida. O típico homem rico. O que ele valoriza mais: o sexo ou o dinheiro. Se ele tivesse que escolher entre um e outro, qual pegaria e qual largaria? Thunder tinha certeza de que ficaria com o sexo, mas Pedro não estava tão convicto assim.
“Pedro.”
“Hmmm.”
“Viu Fatal?”
Thunder falava de um filme inspirado em outro romance de Roth, O Animal Agonizante.
“Não. Devo?”
“Sim. A crítica foi dura, mas todos sabemos que os críticos de cinema detestam cinema. Um editor de revistas uma vez disse que o melhor emprego do mundo é crítico de cinema. Te pagam para ver filme.”
“Por que devia ver?”
“Porque é Roth na essência”, diz Thunder. “O mundo governado pelo sexo. Um professor apaixonado por uma aluna bem mais jovem que ele, e que deixa de viver a história porque tem medo de que uma hora apareça um cara jovem que vai roubá-la dele. Eu já fui esse cara jovem, o professor diz no filme a um amigo.”
“Thunder.”
“Hmmm.”
“Olha. A melhor coisa que ouvi sobre essa história de homem mais velho e mulher jovem foi do Mantraman. Ele namora uma moça chamada Rebeldia, uns vinte anos mais nova que ele.”
“E …”
“E ele disse que quando perguntam se ele não teme o risco de ser trocado por um cara mais novo responde que também ele poderia trocar a Rebeldia por uma mulher mais nova.”
“Preciso ler mais o Mantraman”, diz Thunder. “Grande frase.”
“Pedro.”
“Hmmm.”
“De tudo que eu disse nessa conversa só queria que você gravasse uma coisa. O dinheiro sem ereção é absolutamente inútil. O mendigo potente é um rei perto do rico impotente.”

A melhor cena de amor da literatura

21/07/2010

Qual sua cena de amor preferida na literatura?
A minha é de Hemingway, em Por Quem os Sinos Dobram. Uma despedida. Robert Jordan dá adeus a Maria. Ele é um americano que foi combater pela liberdade na Espanha, na Guerra Civil dos anos 30, e ela é uma espanhola simples, jovem. Apaixonam-se, mas guerra é duro.
Jordan se sacrifica por Maria. Ferido, não pode fugir a um cerco dos inimigos. Maria pode. Ele a convence a ir dizendo que ele viveria nela. Jordan morre para que Maria viva e, com ela, o amor deles e, em certa medida, os planos que fizeram juntos para o futuro.
Maria depois deve ter-se apaixonado por homens bem menos interessantes que ele, mas isso é tema para uma especulação quem sabe em outro texto. Ali ela é de Jordan e de mais nenhum outro homem.

Hemingway era de 21 de julho. Hoje. Foi muito lembrado e mesmo assim é pouco, dada a sua grandeza literária. Foi intensamente macho na prosa e na vida, mas escreveu páginas românticas e sentimentais como se fosse um poeta daqueles que morriam de tubercolose, envolvidos em cachecóis e tossindo sangue delicadamente.

Ele se deu um tiro na boca quando cansou de viver. Fez como Sêneca diz que o homem deve fazer quando a vida vira um fardo: saiu dela, sem choro e sem lamentações. Já não podia fazer tudo aquilo que o fascinava: caçar, pescar, fornicar. Nem escrever mais conseguia, prejudicado por uma arteriosclerose.

Bateu em retirada.

Deixou imitadores, seguidores, contos notáveis escritos numa linguagem extraordinariamente enxuta, alguns romances de alto nível, uma vida vivida com volúpia — e também aquela que é para mim a melhor cena de amor da literatura.

Lembra aquela mulher que disse que foi demitida por ser gostosa demais?

20/07/2010

Agora está explicado por que aquela mulher foi mandada embora.
Ela dizia que tinha sido perseguida por ser gostosa.
Aqui no blogue houve uma comoção. Todos quase ateiam fogos às vestes em solidariedade a ela.
Mas…
Olha só este vídeo.
É uma completa, absoluta, irremediável mentecapta.

Mulheres que amam homens

19/07/2010

Passei para dizer o seguinte.
Um viva retumbante para todas as Germaines do mundo, mulheres que amam o que fazem, sem importar o que seja, e por isso fazem bem. A arma pode ser o intelecto privilegiado ou a pequena coisa entre as pernas, para usar as palavras docemente lascivas de Henry Miller.

Me comove em Germaine, mais que a mistura de Pernod, cerveja e outras coisas que se desprendem de sua boca, o amor irrestrito, incondicional aos homens. Germaine ignora, despreza aranhas fora a sua. Seu motivo de viver reside na rigidez da virilidade masculina, que lhe basta e sobra.

Os homens, tolos que somos, recompensamos este tipo de amor total com um amor ainda maior, como mostra o grande Miller, Henry Miller, o careca vagabundo que fascinou Paris e as parisienses nos anos 30 e o mundo inteiro depois.

Por que o sexo de manhã é melhor e mais 9 curiosidades amorosas

18/07/2010

Gosto do Freaky Facts, um blog e twitter com estatísticas, chutes, aforismos e humor sobre sexo. Selecionei dez coisas de lá para compartilhar aqui.

1) As mulheres têm um fluido vaginal que se forma uma vez que elas são estimuladas. Se ingerido, pode ajudar a construir o seu sistema imunologico.

2) Um homem real sabe que o prazer de sua mulher vem em primeiro lugar. Agrade-a e depois sua recompensa virá.

3) Surpresa no sexo é sempre emocionante, principalmente se seu parceiro está dormindo. Use sua cabeça para despertá-lo,  literalmente.

4)  O sexo é uma cura instantânea para a depressão. Agora, coloque isso em prática  e vá animar alguém.

5) O nível de testosterona do homem é mais elevado no período da manhã. Essa é a causa da “Morning Wood”, a ereção com potência de madeira.

6) Converse com sua mulher enquanto você está lhe dando sexo oral. As vibrações de sua voz vão fazê-la ter um orgasmo mais rápido.

7) O orgasmo aumenta em 20% o poder das células que combatem a  infecção em seu corpo, o que ajuda a mantê-lo em boa forma.

8 ) O verdadeiro amor não custa nada, mas o sexo ruim pode lhe custar a vida.

9) Normalmente, as mulheres se vingam de um namorado que engana tendo relações sexuais com um de seus amigos mais próximos.

10) A entrada da vagina é mais sensível. Por isso, se você for  muito áspero demasiado cedo pode facilmente quebrar a alegria de sua namorada.

Prazer. Meu nome é Fabio Rosenberg Hernandez

17/07/2010

E eis que um teólogo sueco, Leif Carlsson, anuncia o óbvio.  Os judeus são melhores que os cristãos no sexo.

Não por sorte, não pela circuncisão. Pelas Escrituras. Elas moldam o caráter e a cultura dos povos.

Em textos antigos do judaísmo, está dito que fazer sexo é mais importante que estudar a Torá, livro sagrado dos judeus. Sem sexo a raça judia estaria extinta. Básico.

Você lê livros ou vê filmes de autores judeus e percebe o quanto o sexo é importante para eles. Philip Roth, romancista brilhante, escreve sobre sexo com maestria. Woody Allen, em seus filmes, coloca o sexo em primeiro, segundo e terceiro lugar, competindo ainda pelo quarto.

Um documento antigo judaico diz que a mulher deve ser satisfeita pelo seu marido e estipula até a quantidade segundo diferentes ocupações. Um marinheiro, uma vez por semestre.  Um desempregado, todos os dias.

No Velho Testamento judeu, o sexo é intenso. Judith atrai o líder de um povo inimigo para um encontro sexual e corta sua cabeça, virando uma heroína hebréia. O rei Davi fica alucinado por Betsabá, uma mulher casada, ao vê-la nua, tomando banho. Não hesita em enviar o marido dela, o pobre Urias, para a morte certa, no fronte. Tem com ela Salomão, cujo harém seria roubado um dia pelo próprio filho, Absalão.

No Novo Testamento cristão, sexo é pecaminoso. Jesus não era casado, e Maria não o teve pelos meios convencionais.

Não estou me gabando, mas meu nome completo, aqui enfim revelado, é Fabio Rosenberg Hernandez.

Por que gosto da mulher de burca

16/07/2010

Pois vou ser sincero. Acho bela, em seu mistério, a mulher na burca. O que ela está guardando apenas para seu homem? Como são seus cabelos, os seios são fartos ou pequenos, a silhueta é afinada?

A mulher de burca instiga a imaginação, o que é uma das coisas mais eróticas que existem.

Há um enorme desconhecimento, no Ocidente, sobre os véus muçulmanos. Um dos mais comuns é crer que eles são quentes e que portanto no calor castigam a usuária. Não, não são. Quem viu filme passado em deserto se lembrará dos trajes de homens. É o mesmo tecido, feito para proteger do sol e do calor.

Há também a idéia de que são os homens que obrigam as mulheres a vestir burca. É um costume, é uma tradição que é mantida pelas próprias mulheres. Numa era como a nossa, marcada pelo conflito entre Ocidente e Oriente, o uso da burca se ampliou como demonstração silenciosa de apoio à causa muçulmana. Assim como numa Copa do Mundo vestimos camisa do nosso país, em conflagrações recorremos aos símbolos de nossas raízes. A burca, para as muçulmanas, é o mais potente destes símbolos.

Muitas francesas de burca, quando se falou no projeto de banimento, disseram em entrevistas: “Ninguém nos ouviu!”

Claro que não. O Ocidente quer levar seu conceito (discutível) de civilização na marra para os outros. O maior ideólogo do liberalismo, John Stuart Mill, alertou há muitas décadas que ninguém tem esse direito. Até porque “civilização” é uma palavra com múltiplos entendimentos. É perfeitamente possível achar que não é “civilizado” pagar mulheres para que fiquem nuas para homens em filmes e revistas.

De tudo que li sobre a burca, o que mais me chamou a atenção, pela limpidez das idéias, foram as palavras da feminista americana Naomi Wolfe. Ela viajou para países árabes e montou rodas exclusivas de mulheres para discutir a vida. Entendeu o uso da burca, e escreveu sobre isso.

Não vai usá-la, até porque sua cultura é outra, mas respeita e até admira a opção de quem a enverga. Naomi fez o óbvio, tão difícil: não quis julgar os outros sob as limitações de nossos preconceitos.

A proibição da burca é uma derrota para toda mulher

15/07/2010

Sou um liberal clássico, na linha de John Stuart Mill, que todos conhecemos tão bem.

Acho que, desde que a pessoa não faça nada que afete as outras, pode fazer o que quiser.  Fumar, para ficar num exeplo banal. Perto dos outros, não, porque a fumaça pode prejudicar terceiros. Nos lugares adequados, quanto quiser. É o lívre arbítrio, base de uma sociedade aberta e livre.

Por isso condeno o cerco imposto na França, e em outros lugares, à burca. O parlamento francês acaba de aprovar uma lei que prevê multas e punições ainda mais duras para a mulher de burca. Veja. São apenas 2 000, numa comunidade de 6 milhões de muçulmanos na França.

O argumento é que a burca é um símbolo da opressão do homem.

Foram inúteis, diante disso, as reações de mulheres que fizeram questão de afirmar, publicamente, que usam a burca porque querem. Ou puramente por motivos religiosos ou até para se manter longe de indesejados olhares masculinos.

Ora, assim como quero ter direito a vestir o que quero, a mulher que deseje usar burca não pode ser proibida. E não só ela. Se aceitamos a mulher com todos os trajes que conhecemos, de tailleurs recatados de executiva a vestidos de noite que revelam muito mais que escondem, não há sentido para a burca ser proibida.

Se a lei não impõe à mulher o uso de vestido curto ou comprido; de sutiã ou não; de decote ou não; de biquini ou maiô; eu dizia, se a lei não impõe nada daquilo à mulher, impedir a burca é uma agressão.

Algumas mulheres ocidentais comemoram o ataque à burca como se fosse uma vitória feminina. Mas, como todo ataque ao livre arbítrio, é uma derrota.

A princesa e a plebéia

14/07/2010

Diana era uma jovem de sangue aristocrático num tempo em que aristocratas têm mais pose que dinheiro.

Casou, com todas as pompas. com um príncipe que não era exatamente o homem mais charmoso do reino. Tiveram dois filhos. Uma indenização de 50 milhões de reais foi dada a ela pela mãe do príncipe, uma das mulheres mais ricas do mundo, quando o casamento terminou.

Diana era moça, queria se divertir. Saiu com homens depois do divórcio. Estava namorando o filho de um dos homens mais ricos do mundo, um egípcio com tantas posses quanto a rainha. Um dia, para fugir de paparazzi, os fotógrafos de celebridades, o namorado de Diana acelerou seu carro de centenas de milhares de dólares e espatifou-o na madrugada de Paris.

Diana morreu com o namorado.

Virou a Princesa do Povo. Não foi vítima de uma segunda morte em que fosse declarada golpista, vigarista, interesseira ou Maria Coroa. Não houve ressalvas quanto a seu fim triste. Os “ses” e “entretantos”. Ah, se ela não borboleteasse por aí com playboys irresponsáveis ao dirigir, ah, se ela estivesse tomando conta dos filhos pequenos em vez de beber na noite parisiense, e outros “ahs”.

Diana era princesa.

Teve tratamento de princesa na morte. Homenagens, flores, pranto. Músicas, até, como a que o amigo pianista adaptou especialmente para ela.

Moças pobres são moças pobres. Nelas despejamos nosso julgamento impiedoso, nosso código severo de conduta que serve muito mais para os outros do que para nós mesmos. Descontamos nelas toda a raiva que sentimos de nossa própria vida miserável.

Mais de duzentos anos depois que os franceses cortaram a cabeça de seus reis, o mundo, sob alguns aspectos, continua dividido entre princesas como Diana e plebéias como Eliza.