Você pode bem imaginar qual é o crime do padre Amaro.
Ele conquista o coração e a carne tenra de uma rapariga linda e pura, Amélia. Com seu realismo e brutal anticlericalismo, Eça de Queiroz faz de O Crime do Padre Amaro um romance de elevado teor sexual. A conquista de Amélia pelo predador sexual de batina é lenta, gradual e segura. O leitor como que assiste do camarote.
Eça é um escritor que tem que ser lido. Seu manejo do português é soberbo. Ele tem a mesma estatura de gigantes como Balzac, Zola, Dostoieski e Machado de Assis. Dominou como poucos a arte de escrever romances. Você conhece a história de Portugal na segunda metade do século 19 pelas páginas de Eça.
O sexo, em Machado de Assis, era sutil. Você sequer tem certeza de que Capitu traiu o marido Bentinho porque fica no ar a possibilidade de um ciúme doentio do narrador, o próprio Bentinho. Em Eça não. O sexo é como ele é na vida real — uma força da natureza.