PEÇO UM instante da atenção de vocês para iniciar, ou reiniciar, uma discussão. A questão da burca, o véu islâmico. O governo francês quer proibir o uso em locais públicos. Alega que é um símbolo da opressão feminina. Um ministro francês disse que a intenção é aplicar uma multa na islâmica encapuzada. Um outro político disse que se sente “estigmatizado” porque não consegue ver a mulher com burca. (Como disse o Duque de Wellington, quem acredita nisso acredita em tudo.)
Pois bem. Vi, em vídeos, depoimentos de mulheres francesas que usam burca. Uma delas diz que ao usá-la se sentiu livre do machismo dos homens, que olham para a mulher como um objeto e, quando ela envelhece, viram o rosto.
É um ponto.
A Naomi Wolf, a escritora neofeminista, disse uma coisa interessante. Ela falou que viajou para países islâmicos e conversou com mulheres em rodas fechadas. Basicamente, o que ela disse é que a burca não suprime a sexualidade, ao contrário do que muitos ocidentais pensam. Apenas estabelece uma divisão entre o público e o privado, e canaliza a sexualidade da mulher para o marido e o casamento. (A burca é para a mulher casada, e ela é usada fora de casa. Isso, claro, para as muçulmanas adeptas. Não são todas.)
Alguém disse também não ver muita diferença entre o hábito de uma freira católica e os véus muçulmanos.
Nenhuma discussão que envolva a mulher. no mundo de hoje, é tão intensa como esta travada em torno da burca.
Vou fazer uma pergunta para iniciar a sessão. Que mulher é mais objeto de um homem: a que veste burca ou a que não veste nada, como esta abaixo?