E eis que depois de séculos reaparece Penny Lane. Quer dizer, reaparece virtualmente. Está no Skype, gloriosa em seu vestido da Primark que permite ver o violino de Man Ray tatuado em suas costas.
Penny Lane não está sozinha. Está com Ruby Tuesday num bar.
Estão bêbadas o suficiente para não se importar com o fato de que me acordaram.
“Fabio, Fabio”, as duas gritam alvoroçadas.
São duas mulheres jovens, bonitas, desinibidas.
“Vem pra cá.”
Talvez eu até fosse, mas é um tanto quanto longe o bar.
“Queria te fazer uma surpresa”, diz Penny Lane. Os óculos dão a ela um ar de intelectual.”Queríamos.”
E então as duas se beijam diante da câmara, para mim. Parecia o beijo que Bogart dá em Ingrid Bergman em Casablanca. Apenas eram duas Ingrids.
Pensei se dariam um passo a mais. Penny Lane tem um piercing na forma de cruz no mamilo esquerdo. Será que Ruby avançaria nele?
Não. Não, pelo menos, na minha frente.
Elas estavam rindo.
“Nossa, estamos causando neste bar, que é totalmente careta”, disse Ruby.
O que levava duas mulheres atraentes como aquelas duas a se beijarem na minha frente? Faltam homens na cidade? Sentiriam uma misteriosa curiosidade sexual uma pela outra, mesmo sem serem lésbicas? Quanto a mim, me toma uma certa sensação de desperdício quando vejo duas mulheres se agarrarem. Mulheres bonitas, naturalmente. Se são feias, não me importo.
Penny Lane uma vez me disse que em certas ocasiões gosta da delicadeza de uma mulher. Parece que Ruby também. É extremamente feminina, com seu rabo de cavalo e os olhos da cor da lagoa de Itapoã, e no entanto parece comandar como um homem Penny Lane naquela mesa de bar.
Talvez nós, homens, sejamos muito grosseiros sexualmente. Minhas mãos não deslizam delicadamente pelo corpo de uma mulher, mas com voracidade crua.
Nos despedimos, e elas desligam o Skype.
Antes de voltar a dormir, penso na cena. E me pergunto o que eu faria se estivesse lá, ao vivo, com Penny e Ruby. Múltiplas possibilidades matemáticas, como diz um personagem de Woody Allen ao contar para um amigo que estava namorando com duas gêmeas.
E então volto a dormir.
19/05/2011 às 20:53 |
As histéricas são mesmo muito divertidas. Sinto te dizer, mas se você estivesse lá com elas, elas jamais fariam isso!
20/05/2011 às 23:27 |
Então, duvido que elas fizessem o mesmo na sua frente!!!
21/05/2011 às 02:28 |
Penny Lane faria e fará, se ele assim desejar…
24/05/2011 às 05:40 |
Como as escravas sexuais são felizes, Penny Lane!
24/05/2011 às 13:37
Elas são felizes na exata medida em que seus homens estão satisfeitos, Fabio!
22/05/2011 às 19:55 |
“Quanto a mim, me toma uma certa sensação de desperdício quando vejo duas mulheres se agarrarem. Mulheres bonitas, naturalmente. Se são feias, não me importo.”
lol
23/05/2011 às 19:17 |
Há alguma opinião contrária a essa máxima?
24/05/2011 às 05:39 |
pinçou a frase essencial do meu pensamento sobre lesbicas, Pequena!
23/05/2011 às 15:57 |
Bons sonhos!?
24/05/2011 às 05:43 |
molhados, encharcados como a Fontana di Trevi, Gueixa
23/05/2011 às 19:15 |
Putz, pelo menos a coisa ficaria mais, digamos, interessante.
01/06/2011 às 00:53 |
Faríamos sim, porque vc merece, Fábio.
O toque de uma mulher é ainda melhor quando tem um homem assistindo…
Adorei minha personagem, BTW.
Não vejo a hora que chegue mais perto deste bar e de nós. Beijos saudosos, Ruby.